Thursday 27 August 2009

Greve na Vale do Canadá leva Xstrata a fechar unidade

A mineradora Xstrata informou hoje que irá fechar sua fundidora e refinadora de cobre Kidd Creek, no Canadá, a partir de 7 de setembro, por um período de sete a dez semanas. A mina, que faz parte do complexo, continuará aberta.
A decisão está ligada à falta de concentrado, intensificada pela greve na Vale Inco.
A Kidd produz 145 mil toneladas de catodo de cobre por ano, segundo informações de seu site. "Além dos embarques reduzidos provenientes de alguns fornecedores regulares da Kidd, a disponibilidade de concentrado é prejudicada pela greve atual da Vale, Inco em suas operações de Sudbury", disse o diretor geral da Kidd Metallurgical, Thompson Hickey.
A Xstrata informou ainda que alguns empregados serão dispensados temporariamente como o fechamento, mas a quantidade de pessoas afetadas e a duração da licença não estão decididos. Os trabalhadores sindicalizados do complexo mineiro daVale. em Sudbury, Ontário, paralisaram seus trabalhos em 13 de julho.
Os do complexo de Voisey Bay, em Newfoundland-Labrador, fizeram o mesmo duas semanas depois. Sudbury já havia fechado em maio para reparos e manutenção. Depois, houve novo fechamento, entre 1 de junho e 27 de julho, por causa dos baixos preços do níquel.
A unidade deveria reabrir no final de julho, mas a greve atrasou os planos. Ontem a companhia informou que começará a treinar trabalhadores não-sindicalizados em sua operações no Canadá, para reiniciar algumas atividades enquanto os sindicalizados permanecem em greve.
A terceira unidade de níquel da Vale Inco no Canadá, localizada em Thompson, Manitoba, está atualmente em manutenção e deve retomar as operações em setembro. Em 2008, Sudbury produziu 85,3 mil toneladas de níquel e Voisey Bay, 77,5 mil toneladas. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Agência Estado

Vale construirá siderúrgica no Espírito Santo, diz governo local


Fonte: Folha Online

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale construirá uma siderúrgica com capacidade para produzir 5 milhões de placas de aço por ano no município litorâneo de Anchieta, no Espírito Santo, informou o secretário de Desenvolvimento do Estado, Guilherme Dias.

"É um conjunto de investimentos. A Vale, para estruturar essa siderúrgica, vai executar um novo ramal ferroviário e um porto pra poder escoar a produção", afirmou Dias por telefone à Reuters.

Ele não soube dar mais detalhes do empreendimento, como investimento total ou eventuais parceiros da Vale no projeto, e afirmou que o anúncio oficial será feito posteriormente pela mineradora.

A assessoria de imprensa da Vale, no Rio, confirmou que será anunciado em breve um empreendimento da companhia no setor siderúrgico, mas não forneceu qualquer detalhe.

A Vale tinha um projeto no ano passado para levantar uma siderúrgica no Espírito Santo, a Companhia Siderúrgica de Vitória (CSV), em parceria com a siderúrgica chinesa Baosteel. Mas as duas empresas desistiram do negócio em janeiro desse ano, alegando dificuldades relacionadas à crise financeira global.

Posteriormente, a Vale informou que pretendia buscar parceiros para seguir com o projeto.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, estava em Vitória nesta quinta-feira em um evento sobre a implantação, pela Vale, de um sistema de controle da dispersão do pó do minério de ferro.

(Reportagem de Natuza Nery e Camila Moreira)

Wednesday 26 August 2009

Carta de Carnaíba do Sertão ao Povo do São Francisco, do Nordeste e do Brasil

De todos os cantos da Bacia do Rio São Francisco vimos nos encontrar em Carnaíba do Sertão, município de Juazeiro - BA. Somos 108 pessoas de 43 organizações sociais e movimentos populares – indígenas e quilombolas, pescadores e vazanteiros, lavadeiras e agricultoras, camponeses de fundos e fechos de pasto, estudantes, educadoras, artistas e operários, lutadores e lutadoras do povo. Conosco se somam a Frente Cearense e a Frente Paraibana no enfrentamento da malfadada transposição, além de companheiros de Brasília, Recife, Aracaju, Mossoró, Alemanha e Holanda, e o presidente do Comitê da Bacia. Trouxemos as marcas da degradação ambiental, social e humana que se abate sobre a Bacia do São Francisco nestes últimos 50 anos de avanço avassalador do capital. Com alegria e ânimo partilhamos nossas experiências e conquistas na defesa da vida, de nossos direitos, das terras e águas, das plantas, animais e gentes do São Francisco.

Neste II Encontro Popular da Bacia do São Francisco, fizemos o balanço de quatro anos da Articulação Popular do São Francisco, que congrega em torno de 300 entidades. Traçamos nossos planos de continuidade e avanço nos próximos dois anos. Indignados, denunciamos os crimes sociais e ambientais que se multiplicam atualmente num reciclado e retrógado surto de desenvolvimentismo – caso do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do governo federal. E partilhamos as esperanças e vontades renovadas em barrar a expansão desta engenharia e desta cultura de morte, ao mesmo tempo construindo um projeto popular de vida abundante e paz, em harmonia com o cosmos.

Vários relatos durante o encontro constatam que a exploração e a degradação aumentam. O agronegócio se alastra na onda dos agrocombustíveis, mesmo com a extinção de mananciais, perda de solo e assoreamento. A mineração, antes concentrada na região do Alto São Francisco, agora se generaliza em toda a Bacia. Novas barragens estão sendo construídas e muitas mais planejadas, nos afluentes e na calha principal, agravando o quadro de um rio refém do setor elétrico. O capital globalizado se faz surdo aos cada vez mais evidentes sinais da natureza e apelos da ciência, de que é urgente rever o modelo de civilização. O São Francisco perdeu 25% de suas águas nos últimos 50 anos e poderá perder o mesmo tanto nos próximos. Porque se insiste em exportá-las em forma de energia, frutas, grãos, etanol, minérios... Isto tem que parar.

As vítimas imediatas deste processo são as populações impactadas, em especial os pobres, as comunidades tradicionais da ribeira, do cerrado, da caatinga e da mata atlântica da Bacia – indígenas, quilombolas, pescadores, vazanteiros, moradores de fundos e fechos de pasto – e das periferias urbanas. Ainda e sempre precários em suas terras e territórios estão à mercê do modo autoritário e desrespeitoso das empresas e governos, que pouco difere do tempo da Ditadura Militar. Assim está acontecendo também o desalojamento de populações nos eixos da transposição, no CE, PB e PE. Muitos sem condições de permanecer migram para as cidades e tentam sobreviver no subemprego e à violência crescente, como nas regiões de Juazeiro e Petrolina. Isto tem que parar.

São elas também as que resistem e nos animam a lutar. Territórios têm sido defendidos (Barra da Parateca – BA) e retomados (Trukás – PE, Tumbalalá – BA e Xakriabás – MG), as comunidades recuperando suas culturas antigas e mais adequadas ao convívio fraterno e à harmonia com o meio-ambiente. Projetos têm sido impedidos: barragens (Gatos e Sacos, Pedra Branca e Riacho Seco - BA), incineração de lixo (Camargos - MG), mineração (Serra da Piedade –MG), irrigação de cana (Areia Grande – BA), turismo (Brejo Grande – SE), piscicultura (MOPEBA – BA). Afluentes têm sido revitalizados, como o dos Cochos (MG).

São elas também as que, em parceria com os movimentos sociais e ambientalistas da Bacia e do Nordeste Setentrional, têm feito a luta contra a transposição do rio São Francisco. Este projeto em obra pelo exército há um ano e meio não avançou mais que 4,9% (eixo norte) e 6,9% (eixo leste) e tem contratos superfaturados como denuncia agora o Tribunal de Contas da União. A revitalização, sem visão de conjunto, focada no esgotamento sanitário, não leva em conta a queda da quantidade da água. E ignora a devastação pelo agronegócio nas regiões das nascentes no Cerrado.

O cerne de toda a nossa luta é o Projeto Popular para o São Francisco Vivo – Terra e Água, Rio e Povo, tema do nosso II Encontro, construção que se perde no tempo, mas se acha hoje mais que nunca pertinente aos desafios globais da crise ecológica e econômica e é resposta contundente ao desatino do desenvolvimentismo neoliberal. Nosso projeto é abrangente, plural e inclusivo, e se faz na prática, com protagonismo popular, diálogo com os saberes tradicionais dos povos e o conhecimento da ciência, intercâmbio de experiências no campo e na cidade, defesa e conquista de territórios, reforma agrária e regularização das terras públicas em favor das comunidades, fortalecimento da agricultura familiar camponesa agroecológica, soberania alimentar e energética, recomposição de matas ciliares, proteção de nascentes, moratória para o cerrado, convivência com o semi-árido, vazão ecológica, defesa da agrobiodiversidade, despoluição, impedimento de projetos degradantes, emprego decente, segurança pública, educação contextualizada, comunicação livre, afirmação cultural... Utopia? É, e é isso que tem faltado em nosso país e no mundo: a retomada do rumo, que só é alternativa real se for socialista com preocupação ecológica e não arremedos de um “capitalismo verde”.

Aos pré-candidatos à próxima eleição presidencial desde já cobramos clareza de posições a respeito destas questões. É o que vai nortear nosso voto. Mas o verdadeiro poder popular construímos na luta organizada que ocupa os espaços políticos da sociedade e os livra dos corruptos e corruptores.

Apelamos a todas as pessoas de boa vontade a se juntarem a nós. A prioridade comum deste momento é a Campanha Opará (www.saofranciscovivo.com.br) que os povos indígenas do São Francisco lançaram para pressionar o Supremo Tribunal Federal a julgar ações contra a transposição, em defesa de sua soberania e a de seus territórios agredidos pela obra.

Das caatingas de Carnaíba do Sertão, das ribeiras dos pescadores e lavadeiras do Angaris, em Juazeiro da Bahia, vislumbramos um longo e árduo caminho pela frente, tal qual o Velho Chico – Opará – Rio-Mar enfrenta e nos ensina e convoca a enfrentar. “Melhor morrer do que perder a vida”, dizia Frei Tito Alencar. Melhor mesmo é “a alegria de ser mar”, canta Bené Fontelles. São Francisco Vivo, Terra e Água, Rio e Povo.

Rio São Francisco, 23 de agosto de 2009.

Agnelli balança, mas, por enquanto, não cai

José Rabelo
Século Diário, Vitória-ES
252009

O boato que corria à boca miúda em Brasília, desde meados de julho, tornou-se público há alguns dias quando a imprensa revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu mexer seus pauzinhos para fazer chegar aos ouvidos do presidente da Vale, Roger Agnelli, que estava insatisfeito com os rumos administrativos adotados pela mineradora para contornar a crise econômica mundial. Para ocupar o lugar de Agnelli, Lula chegou a ventilar o nome de Sérgio Rosa, presidente da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil).

Cuidadoso para não abalar a relação com um dos maiores bancos do País, o Bradesco - que indicou Agnelli, em 2001, para assumir a presidência da empresa -, Lula foi cirúrgico na crítica. Ficou particularmente irritado com a demissão de cerca de mil trabalhadores, no auge da crise, sem comunicação prévia ao governo. A decisão unilateral da empresa não deu chance à “brigada de incêndio” de Lula de propor uma solução negociada para evitar degola em massa, como aconteceu, por exemplo, em fevereiro deste ano, em um episódio semelhante envolvendo as demissões na Embraer.

Lula também se queixou da brusca freada nos investimentos da empresa no setor de infraestrutura do País. Notícias que vinham do mercado financeiro apontavam que a gigante da mineração deixaria de investir US$ 3 bilhões em novos projetos este ano, temendo que os reveses da crise minassem a saúde financeira da empresa.

Para o presidente Lula, na hora do aperto, uma empresa com a robustez financeira da Vale, e com seu histórico estatal, tinha a obrigação de arregaçar as mangas e puxar a fila do grupo de empresas dispostas a mostrar que o País tinha fôlego suficiente para enfrentar e vencer o "monstro da crise".

O descontentamento de Lula com Agnelli era tão grande que circulou em Brasília que o presidente já articulava um substituto para ocupar o posto do número um da Vale. Lula já tinha até um nome na gaveta para assumir a vaga de Agnelli, Sérgio Rosa (foto), atual presidente da Previ - maior fundo de pensão da América Latina, que detém o rechonchudo patrimônio de R$ 121 bilhões.

Não por acaso, entre as empresas que a Previ tem participação está a Vale. É justamente na mineradora que a Previ concentra o seu maior investimento: R$ 30 bilhões. O fundo também detém 53% da Valepar, controladora da empresa.

O nome de Sérgio Rosa também não surgiu na lista dos preferidos de Lula por mera contingência do destino. Rosa tem uma história política com Lula e o PT desde os tempos em que Lula-sindicalista subia nos caminhões para comandar as greves no ABC. De quebra, Rosa é justamente presidente do Conselho da Vale, assento que lhe confere o poder de veto nas decisões da mineradora.

O poder dos fundos

A Previ, além da Vale, detém gordas fatias acionárias de grandes empresas brasileiras. Oi/Telemar, Embraer, Brasil Foods são alguns exemplos. Na Vale, o consórcio formado pelos fundos de pensão - Previ (49%) e BNDESPar (11,5%) - detém 60,5% do controle da empresa. O Banco Bradesco, responsável pela indicação de Agnelli, tem 21%, e a japonesa Mitsui - empresa da área de logística de transporte intermodal - 18%.

Lula sabia que o poder dos fundos de pensão sobre a Vale poderia ser decisivo, caso o plano de fritar Agnelli fosse posto em prática. Além da Previ e BNDESPar, Lula sabia que outros fundos previdenciários - Funcef (Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras) e Funcesp (Cesp) - já engrossavam o coro dos descontentes com a gestão de Agnelli.


Guilherme Lacerda (foto), presidente do Funcef, terceiro maior fundo do País, também cobrou, a exemplo de Lula, a ampliação dos investimentos da mineradora no setor de infraestrutura do País.

"A Vale não pode agir como uma empresa de frango, de linguiça. É uma empresa estruturante, que atua por concessões. É bem administrada, mas não podemos fechar os olhos e não nos dar conta das decisões tomadas por seu presidente", disse Lacerda, no último domingo (16), ao jornal "Folha de São Paulo".

De acordo com Lacerda, a mineradora deve aplicar seu capital em investimentos que abram caminhos para o desenvolvimento do País, sem a concentração de recursos apenas na área de commodities. O presidente do Funcef fez questão de lembrar que a Vale atua por concessões e que uma das contrapartidas deve ser o investimento na área de infraestrutura do País. Ele advertiu ainda que a empresa, em função de seu histórico estatal, não pode se preocupar exclusivamente em maximizar lucros.

O Funcef é acionista minoritária da Vale, possui 2% do capital total da empresa. A fatia mais magra na participação acionária, diferentemente da poderosa Previ, não garante ao Funcef assento no Conselho Administrativo da Vale, consequentemente, o fundo comandado por Lacerda fica expurgado das discussões que definem os investimentos da empresa.

O fato é que o vento que soprou do Palácio do Planalto chegou a balançar Agnelli da cadeira. Entretanto, os rumores mais recentes que chegam de Brasília parecem indicar que essa rajada mais enfurecida, pelo menos por hora, perdeu força. Parece que a conversa de Agnelli com Lula acalmou o presidente, que pode ter dado uma segunda chance ao maioral da Vale.

Agnelli sabe, porém, que o fato de o presidente ter cogitado para a cabeça da lista o nome de Sérgio Rosa como seu "provável" sucessor soa mais que um aviso, mas é, com todas as letras, uma ameaça real.

O atual manager da Vale também sabe que Rosa disputou e venceu, com louvor, a queda de braço com o todo poderoso Daniel Dantas, dono do Opportunity. Vitória que lhe conferiu bônus extras com o presidente Lula.

Rosa - então diretor de Participações da Previ - deu o start, em 1999, a uma auditoria para rever os contratos da Previ com o Opportunity no fundo CVC-Opportunity, que adquiriu, à época, a Brasil Telecom, Telemig, Amazonas Celular e Metrô Rio. Segundo Rosa, o acordo era prejudicial ao fundo e precisava ser urgentemente revisto.

A peleja, que só chegou ao final em abril de 2008, acabou selando o acordo que tirou definitivamente o Opportunity do "indesejável" Dantas da sociedade. Com o acordo, o banqueiro recebeu R$ 1 bilhão para dar adeus a sua participação na antiga Brasil Telecom que passou a se chamar Oi e depois Oi/Telemar.

Esse é um exemplo recente e inconteste que deve causar arrepios no presidente da Vale. Agnelli sabe que não pode desdenhar da força dos fundos de previdência, ainda mais tendo por perto o implacável Sérgio Rosa fungando no seu cangote. Se Agnelli comanda cerca de 100 mil funcionários (diretos e terceirizados), Rosa tem nas mãos o fundo formado por mais de 166 mil pessoas, entre aposentados, pensionistas e funcionários ativos do Banco do Brasil. Briga de cachorro grande.

Sobre o entrevero que pôs em xeque o nome de Agnelli no comando da Vale, Sérgio Rosa, por enquanto, preferiu se resguardar. Talvez o silêncio tenha sido a estratégia escolhida. É oportuno lembrar, porém, que Rosa deixa a presidência da Previ em 2010, e não poderá ser reconduzido ao cargo novamente. Uma coisa é certa, desempregado ele não fica.

Investidores insatisfeitos, ambientalistas idem

Se os fundos e o próprio presidente da República têm se mostrado insatisfeitos com a governança de Roger Agnelli à frente da Vale, os ambientalistas, de olho na política de responsabilidade social da empresa, também continuam indignados com as parcas ações que a poluidora tem adotado para minimizar os danos ambientais no Estado.

Na última terça-feira (18), o jornal "Valor Econômico" informou que a mineradora apresentou seu inventário de emissões, para medir a produção de gases-estufa. A empresa, segundo suas contas, admite que lançou, nos oito países (incluindo o Brasil) em que atua, 16,8 milhões de toneladas CO2 - principal gás do efeito estufa. O CO2 conhecido também como dióxido de carbono, ou anidrido carbônico, ou simplesmente gás carbônico é um composto químico constituído por dois átomos de oxigénio e um átomo de carbono.

O relatório detalha, ano a ano, as emissões na Austrália, mas simplesmente ignora as informações referentes ao Espírito Santo. A omissão dos dados referentes ao Estado dá pistas de que os números aqui devem ser bem feios, talvez impublicáveis.

Ainda, de acordo com informações do "Valor", o total mundial emitido pela mineradora contabiliza os gases produzidos na queima de combustíveis fósseis do transporte de minérios à emissão de minas de carvão subterrâneas na Austrália, além dos gases-estufa gerados pelos fornecedores da empresa em 34 países, sendo que o Brasil responde por 69,1% deste total. Isso significa que 11,6 milhões de CO2 foram despejados na atmosfera brasileira pela mineradora. Para se ter uma ideia da grandeza do número, em 2006, as indústrias brasileiras, juntas, lançaram 29 milhões de CO2 no ar. Os dados do inventário da Vale, embora sejam de 2008, se comparados a 2006, sozinha, a poluidora responderia pela emissão de mais de um terço de todo o CO2 despejado no Brasil.

Espólio sombrio

O inventário da Vale deixa evidente que a curva de emissões da mineradora, mesmo com a crise econômica mundial, está em ascensão em todo o mundo, seja diretamente nos oito países em que opera ou indiretamente nas dezenas de outros países que fornecem algum tipo de "energia suja" à mineradora, como uma térmica a carvão, por exemplo.

Os dados do inventário revelam que a empresa reserva para os países que a abrigam um espólio sombrio. Em 2006 foram 10,8 milhões de toneladas de CO2; em 2007, 15,2 milhões, e no ano passado, 16,8 milhões.

O preço do desenvolvimento a qualquer custo é alto e a fatura será cobrada com juro e correção num futuro bem mais próximo do que se imagina. Quem vai pagar a conta são as próximas gerações.

Quanto custa o desenvolvimento?

O discurso desenvolvimentista do governador Paulo Hartung, travestido pelo engodo chamado ES 2025, é um exemplo patente de um Estado que está vendendo a sua alma ao diabo em troca da “equação mágica“: desenvolvimento = geração de emprego2.

A política ES 2025, fundamentada na lógica do desenvolvimento a qualquer custo, está loteando e entregando o Estado de mão beijada às grandes poluidoras, como Vale, Samarco, Aracruz, só para ficar em três exemplos.

Os incentivos oferecidos às empresas pelo Estado são irrecusáveis: licenças ambientais fornecidas no ato da assinatura do contrato, isenções de impostos e "cobertura jurídica" para tocar os negócios sem ser incomodado. De quebra, o investidor recebe uma frase incentivadora de pé de ouvido na hora em que está com a caneta na mão, prestes a assinar o contrato: "Faça de nosso Estado o seu quintal".

Os empresários têm levado a sério as recomendações do governo. Tanto é que anunciaram esta semana um vultoso investimento em Anchieta (sul do Estado). O município que recentemente escapou de abrigar uma megasiderúrgica - que seria implantada pelo consórcio Vale-Baosteel -, vai receber investimentos de três gigantes: Vale, Petrobras e Samarco. Esta última, que já atua no município, anunciou que vai construir a quarta usina de pelotização.

A empresa não informou, mesmo porque ninguém disse que isso era importante, quais os danos ambientais que uma quarta pelotizadora causará à região. Porém, anunciou, orgulhosa, que 5,5 mil empregos serão criados durante a construção da nova planta industrial. Depois de pronta, a pelotizadora deve empregar um "fabuloso" contingente de 400 trabalhadores.

A Petrobras anunciou que vai investir R$ 1 bilhão em um porto-base em Ubu, que deve ficar pronto em 2013. A expectativa da empresa é gerar 1,8 mil postos de trabalho. Os impactos ambientais no novo porto para o ecossistema marinho ainda não foi anunciado.

Na mesma balada, a Vale de Agnelli, querendo mostrar serviço ao presidente Lula depois do arrocho que sofreu, também confirmou a construção de uma siderúrgica em Anchieta, que deve começar a operar em 2014. Para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano a empresa deve empregar cerca de 3 mil trabalhadores.

A Vale ainda não calculou a quantidade de CO2 que o novo empreendimento deve emitir. Mas parece que isso também não é muito importante agora. Urgente mesmo era encontrar uma solução para os empresários que já haviam enterrado fortunas em Anchieta à espera do empreendimento Vale- Baosteel que naufragou e deixou um monte de “investidor-especulador” na saudade.

Quando à emissão de CO2, vamos aguardar, pacientemente, um novo inventário. Se tivermos sorte, talvez ainda saia antes dos nossos próprios inventários.

Agnelli: Vale não negocia com China e vende a preços provisórios

SÃO PAULO (Reuters)
Fonte: Abril.com
A Vale não está em negociações com as siderúrgicas da China sobre o preço referencial de 2009 do minério de ferro e provavelmente manterá embarques da commodity a valores provisórios, afirmou nesta terça-feira o presidente da mineradora Roger Agnelli.

Em abril deste ano, em meio à crise financeira internacional, a Vale concordou em conceder um desconto provisório sobre o preço acertado em 2008, até os novos valores serem fechados.

Mas as negociações anuais entre a maior produtora de minério de ferro do mundo e as siderúrgicas da China sucumbiram depois de os chineses se recusarem a aceitar uma redução contratual de 33 por cento oferecida pela Rio Tinto e aceita pelas produtoras de aço da Coreia do Sul e Japão.

A Vale, que não liderou as negociações este ano, conseguiu que companhias coreanas e japonesas aceitassem um desconto menor em relação ao acordo fechado pela Rio Tinto, em torno de 28 por cento.

"Se você tem contratos, estão sendo honrados, você vende, você recebe, precisa negociar o quê?", afirmou Agnelli a jornalistas, no intervalo de um evento em São Paulo.

A Vale também está vendendo para a China no mercado "spot".

"Está indo tudo bem... não estamos negociando nada", acrescentou ele.

O presidente da Vale afirmou que o acordo foi "evidentemente justo", uma vez que o mercado "spot" está muito mais alto do que os preços contratados, e a companhia está honrando os contratos provisórios.

O executivo disse que as siderúrgicas estão reconstruindo estoques depois de um forte declínio no volume armazenado.

"Algumas empresas estão retomando a produção, vários autofornos estão sendo ativados, e eles precisam de estoques mínimos", comentou Agnelli, acrescentando que a companhia está operando atualmente próxima da capacidade total, devido à elevada demanda.

(Reportagem de Inaê Riveras)

Tuesday 25 August 2009

Video: VALE - What it takes to be number one

This blog recommends the second of a serie of 10-minute videos produced by The Real News Network concerning the fight of Canadian miners who have been on strike against giant Brazilian mining company Vale, since July 13th, 2009.

This video was directed by Jesse Freeston. Click HERE to watch the second video (in English, no subtitles)

And HERE, if you have not watched the first video yet (again, in English, no subtitles).

Steelworkers feeling 'at home' in Brazil

By Carol Mulligan, The Sudbury Star

United Steelworkers are hoping that solidarity is forever --whether you live and work in Northern Ontario or in Brazil, the home of Vale Inco Ltd.'s parent company, Vale SA.

Unionized employees in the two countries continue to develop a relationship they hope will last long beyond USW's strike against Vale Inco in Sudbury, Port Colborne and in Voisey's Bay.

Myles Sullivan, area co-ordinator for USW District 6, has begun writing a blog from Brazil where he and Local 6500 vice-president Rick Bertrand are visiting for two weeks.

Sullivan and Bertrand are the third and fourth Steelworkers to visit Brazil to build bonds of support and develop a global action plan, says USW spokesman Bob Gallagher.

This international co-operation follows the partnership formed by USW International President Leo Gerard and CUT (Brazil's largest trade union) president Artur Henrique da Silva Santos less than a month ago.

On Day 1 of his blog, Sullivan wrote: "Boa vinda. Myles here. I've landed in this beautiful land of sunshine, gorgeous vegetation and strong, welcoming people.

"I'm here along with Rick on a mission to build close ties, strong support and renewed solidarity with fellow workers in Brazil.

"When I heard my first 'boa vinda' (welcome), I knew I was a long way from my picket line in Sudbury, Ontario. But when I shook hands and chatted with the group of workers that met us, I knew we were right at home and part of a family of people who know what it means to fight for dignity in the workplace."

"The potential for international teamwork on this Vale Inco strike is significant," said Bertrand.

The Brazilian workers organized into the Vale Union Network, part of nearly 150,000 Vale employees in 35 countries in five continents.

"They are extremely concerned about the fate of the negotiations in Canada, since the outcome could have an immediate impact in the renewal of the collective agreements in Brazil," said Gallagher in a written statement.

Monday 24 August 2009

11 comuneros criminalizados por protestar en contra de la VALE, en Peru

LA PRIMERA SENTENCIA A 11 COMUNEROS POR PROTESTAR CONTRA MINERA
Jueza de Cajamarca les impuso cuatro años de prisión suspendida. Se les acusa de bloquear vía pública el 2007.

A cuatro años de pena privativa de libertad suspendida y al pago solidario de dos mil soles por reparación civil fueron sentenciados once líderes comuneros del valle de Condebamba, procesados por el delito de entorpecimiento de los servicios públicos en forma agravada. El Juzgado Mixto de San Marcos, a cargo de María Chumpitaz, no pudo demostrar que los dirigentes campesinos provocaron el hecho y optó por imponer la forma simple del delito que dio lugar a la carcelería suspendida.

La asesora legal de los denunciados, Mirtha Vásquez, apeló la resolución y solicitará la absolución de los once campesinos. “No hay pruebas de que provocaron la interrupción de la vía durante un acto de protesta en la que participaron más de tres mil personas”, refirió.

Este hecho se remonta al año 2007, cuando miles de campesinos acudieron a las inmediaciones del Cerro Mogol, donde Minera Miski Mayo hacía trabajos de exploración que eran rechazados por los pobladores del valle de Condebamba.

El Dato Frente. Entre los sentenciados están José Lezma, titular del Frente de Defensa de Condebamba; Carlos Meléndez, del Comité de Ecología de Cholocal, y Chanel Ruiz, consejero de San Marcos.

Diario La República-Lima 22/08/2009

Para tener en cuenta
En Agosto de 2007, pobladores y líderes de la provincia de San Marcos (Cajamarca) acordaron realizar una movilización pacífica con el fin de mostrar su disconformidad con el inicio de las operaciones de la Empresa Minera Miski Mayo (subsidiaria de la transnacional Vale), cuyas prácticas eran abusivas y abiertamente violatorias de derechos, entre ellas la contratación de delincuentes como parte de su personal de seguridad o “cuadros de defensa”.

Entre el personal contratado se encontraban Joel Atilio Briones Acosta (37) procesado por tráfico ilícito de drogas según consta en el expediente 81-2002, José Ysmael Armas Medina (32), enjuiciado por homicidio, (expediente 116-2001), Vidal Izquierdo ex senderista vinculado al ajusticiamiento del párroco y presidente de las rondas, Rada Romero (marzo de 1987) y participación en el atentado contra la subprefectura de Otuzco (octubre 1990). Los delincuentes realizaban actividades de extorsión y amedrentamiento. Los excesos fueron tales que en enero del 2008 el Juzgado Mixto de la Provincia de San Marcos (Cajamarca) ordena la captura de Isidoro Fernández Chiroque y Mauro Quispe Barrios, ambos funcionarios de Miski Mayo por Homicidio Simple en grado de Tentativa, los implicados no han sido investigados ni sancionados hasta la fecha
Para más informaciones sobre las protestas de 2007 publicadas en el Diario La República, haz click acá.

Após pré-sal, Vale é "alvo" de ação de Lula

KENNEDY ALENCAR
Fonte: Folha Online - 23/8/2009

Ao anunciar a sua proposta de nova Lei do Petróleo no final do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializará uma inflexão no papel do Estado brasileiro: o governo passará a ter maior ação na economia.

Nos seis anos e oito meses de governo, Lula aumentou a influência do Palácio do Planalto sobre a Petrobras. Concluída a proposta de novo marco regulatório para o petróleo, Lula deverá aumentar a pressão sobre a Companhia Vale do Rio Doce.

A Petrobras é uma estatal de capital misto na qual o governo tem a maioria das ações com direito a voto. O governo indica o seu presidente. No entanto, do capital total, 60% estão em mãos privadas.

A Vale, a maior empresa brasileira depois da Petrobras, é uma companhia de capital misto também, mas um pouco diferente. O governo não interfere diretamente na gestão da Vale como faz na Petrobras, mas tem feito pressões para influenciar os rumos da administração da empresa.
Do capital com direito a voto, a Valepar tem 53% das ações da Vale. Na Valepar, um consórcio de fundos de pensão detém 49% das ações. O BNDESPar tem 11,5%. O Bradesco, 21%. E o Mitsui, 18%.

Ou seja, o Bradesco comanda a empresa por meio de um acordo de acionistas. O banco indicou Roger Agnelli para presidir a Vale. Mas uma eventual aliança entre a Previ e o BNDESpar, que é o braço do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para participar de empresas, poderia indicar um novo presidente. O governo tem enorme influência sobre os fundos de pensão das estatais.

Nos bastidores, o governo Lula ameaçou interferir no comando administrativo da Vale a fim de levar a empresa a fazer investimentos considerados estratégicos pelo Planalto --sobretudo na área de siderurgia. Lula mandou um recado ao Bradesco. Insatisfeito com a ação da Vale durante a fase mais aguda da crise global, o presidente deseja que a companhia ouça mais o governo.
Agnelli e o Bradesco não gostam da revelação pública da pressão de Lula, mas ela existe e tem sido sentida pelo executivo e pelo banco. Em conversa reservada recentemente, Agnelli procurou selar a paz com Lula, sendo bastante cordato ao usar as palavras a fim de explicar ao presidente decisões da empresa.

Lula considera que a Vale "amarelou" no começo da crise, cortando investimentos e demitindo trabalhadores numa hora em que o governo, que sempre atendera aos pedidos da empresa, insistia na manutenção de expectativas positivas. A Vale frustrou parte desse plano, levando outras empresas a adotar o mesmo caminho, dizem auxiliares do presidente.

Na visão do governo, a Vale e os bancos privados erraram. A lucratividade do Banco do Brasil, a diminuição do desemprego e o aumento da renda evidenciariam um pessimismo desnecessário do setor privado brasileiro.

Ora, se as empresas gostam de recorrer ao Estado para tomar recursos públicos ou se aliar a fundos de pensão que sofrem influência do governo, deveriam tratar como normal algum nível de intervenção estatal. Pegar dinheiro público e tratar como se fosse privado é fácil. É capitalismo sem risco.

Nesse sentido, Lula está certo ao pressionar a Vale e ao recuperar a influência política sobre as ações estratégicas da Petrobras. O presidente avalia que as ações dos governos na crise global reforçaram seus argumentos. E ele pegou gosto pela coisa.

As grandes empresas privadas que têm o governo como sócio serão mais pressionadas por Lula daqui em diante.

Friday 14 August 2009

Vítima de acidente continua sem identificação no IML

O corpo de um homem, de nome não identificado que foi atropelado por um trem Vale, no dia 9 de julho (quinta-feira) nas proximidades do Campo de Periz, município de Bacabeira, continuam sem identificação no IML. Os peritos colheram as impressões digitais do homem, que é moreno claro, cabelo liso, tinha a estatura de 1,70 metro, estava trajando uma camisa amarela e um calção branco, estava sem chinelos e tinha aproximadamente entre trinta e trinta e cinco anos de idade.

Manifestação no Rio de Janeiro celebra 30 dias de greve na Vale

Foto: Marcos de Paula A/E 13/08/2009
Fonte: fotos limão


Sindicalistas brasileiros e canadenses do setor de mineração distribuíram pedaços de bolo em frente à sede da Vale, no Rio, em manifestação realizada em 13 de agosto de 2009.

Em 2006, a Vale comprou 75,6% das ações da mineradora Inco, do Canadá.

Cerca de 3.400 trabalhadores da Vale Inco estão parados desde 13 de julho.

Thursday 13 August 2009

Perguntas e respostas sobre a Greve no Canadá


Fonte: USW - Fair Deal Now!
27 de Julho de 2009


Por que o contrato foi estendido de 1º de junho até 12 de julho?


Resposta – A Comissão de Negociação concordou com a extensão na esperança de que a Vale-Inco de fato negociaria um acordo mutuamente aceitável, ao invés de simplesmente continuar a exigir grandes concessões de nossa parte. Infelizmente, isto não aconteceu. Eis por que os membros do sindicato rejeitaram a proposta e agora estamos em greve.


A proposta da Vale (com grandes retrocessos) afetaria a comunidade negativamente?


R – Sim. Os efeitos de um acordo nesses moldes seria devastador para as comunidades locais. A renda familiar dos trabalhadores sindicalizados tem tido um papel central na construção e estabilidade de nossas comunidades. Há décadas, os rendimentos de nossos sócios e pensionistas apóiam as obras de caridade, os grupos cívicos e religiosos, além de constituir a espinha dorsal de nossas pequenas empresas.

Nossa economia local como um todo sofreria um forte impacto se fosse privada da renda de nível de classe média dos mineiros e metalúrgicos.


A Vale é uma empresa lucrativa?


R – Sim. A Vale é uma multinacional altamente lucrativa. Ano passado, a Vale lucrou US$ 13,2 bilhões (já descontados os impostos). Como ela tem dado muito lucro ano após ano, ela está muito líquida no momento. A Vale tem ativos de liquidez imediata no valor de US$ 22 bilhões (valores de 31/3/2009).


As operações canadenses da Vale têm sido lucrativas?


R – Sim. A Vale tem sido altamente lucrativa em seus 2 anos no Canadá. Só na Província de Ontario, ela lucrou duas vezes mais nesse período que a Inco lucrou nos 10 anos anteriores.

O lucro da Vale na Província de Ontario foi de US$ 4,1 bilhões entre 2006 e 2008. A Inco lucrou US$ 2,2 bilhões em Ontario nos 10 anos anteriores.


Vivemos tempos difíceis em termos econômicos. Será esta a razão para a Vale-Inco exigir essas grandes concessões dos trabalhadores?


R – Achamos que os fatos desmentem essa versão. As concessões que eles insistem que façamos não afetam a situação atual. A principal é o ataque ao abono do níquel. Esse ataque é justamente o oposto ao que se faria normalmente num contexto de dificuldades econômicas.

O abono do níquel é um mecanismo inovador criado pela Inco e o USW que em épocas de crescimento distribui parte dos ganhos para os trabalhadores e em épocas de retração protege a empresa. O fato da Vale estar atacando logo este benefício (que atualmente não está rendendo nada) demonstra que ela não se motiva pela atual situação econômica.


Se o abono do níquel atualmente está zerado, então por que a Vale faz dele o núcleo de suas exigências?


R – A primeira resposta é: “Pergunta pra ela!”

Mas a resposta mais óbvia é que a posição “linha-dura” desta empresa extremamente lucrativa sempre teve pouco a ver com a situação econômica atual. Trata-se de reestruturar sua relação com os trabalhadores de forma que estes (e, consequentemente, suas comunidades) não venham a participar significativamente dos benefícios quando bons tempos voltarem.


Já que a Vale tem essa linha dura quanto aos salários e benefícios dos trabalhadores, seus executivos também estão fazendo sacrifícios?


R – Não. Os seis executivos de alto escalão da Vale juntos ganharam US$ 33 milhões em 2008. [Obs.: A Vale não desagrega a remuneração dos executivos e CEO.]


Durante esses tempos difíceis, os executivos da Vale estão tendo que apertar o cinto?


R – Não. Os executivos estão ganhando muito bem, obrigado. Eles recebem “salário fixo” e “remuneração variável”, além de benefícios e ações (ordinárias e preferenciais). Entre 2006 e 2008, sua remuneração subiu 121%. É isso mesmo, 121% em dois anos.


Por que o governo canadense permitiu que uma multinacional estrangeira comprasse nossos recursos naturais? A Vale violou algum de seus compromissos?


R – O governo do Partido Conservador permitiu que nossos recursos fossem para mãos brasileiras por dois motivos. Primeiro, porque supostamente haveria um benefício líquido para o Canadá. Segundo, porque embora nem todos os detalhes tenham sido trazidos a público, houve uma série de promessas feitas pela Vale com relação ao primeiro triênio, entre elas que não haveria demissões.

Nós achamos que ela deveria ter mantido essas promessas. E está difícil a gente encontrar o tal “benefício líquido” para o Canadá, se ela pretende arrochar o seu quadro de trabalhadores desta maneira. A Vale começou a reestruturação antes do final do triênio e o resultado são demissões de trabalhadores tanto sindicalizados quanto não-sindicalizados. Além disso, ela suspendeu todas as operações de Sudbury em junho e julho.


Quando a Vale adquiriu a Inco, chamando o negócio de “compra dos sonhos”, e fez essas promessas ao governo canadense, ela sabia que o contrato incluía um plano de pensão com benefícios definidos e que tinha o abono do níquel como um elemento central?

R – Sim. A Vale sabia de todos os compromissos do acordo coletivo e do longo histórico de trabalho entre a Inco e o USW com vistas à estabilidade trabalhista e ao fortalecimento da comunidade local.


A posição da Vale-Inco na mesa de negociações mudou desde 7 de abril?

R – Absolutamente não. A exigência dessas grandes concessões de nossa parte sempre esteve lá. Na realidade, não houve uma negociação real. O que houve foi que eles simplesmente exigiram concessões sem parar, ao passo que todas as propostas do sindicato foram simplesmente negadas e postas de lado, tamanha a intransigência da empresa.


O sindicato se ofereceu para trabalhar com a Vale-Inco na redução de custos?

R – Sim. A Inco e o USW, antes da aquisição pela Vale, fizeram bastante disso. Isso já funcionou bem, com uma equipe conjunta que observava as operações e como eram conduzidas. Trabalhando conjuntamente e envolvendo quem de fato faz a empresa andar, isto é, os trabalhadores, muitas idéias surgiram e muitas economias foram feitas. Na negociação, sugerimos retomar essa prática, mas a sugestão foi negada e as concessões simplesmente exigidas.


O USW está trabalhando com outros sindicatos que atuam na Vale?

R – Sim. O USW já recebeu apoios incríveis de trabalhadores e sindicatos de muitos países dos quais a Vale extrai recursos pelo mundo afora. Os trabalhadores do Brasil já expressaram sua solidariedade porque já tiveram a experiência da dura luta para conseguir um salário justo pelo trabalho na Vale.

No Reino Unido, o sindicato Unite the Union (a maior do país) tem sócios que trabalham em operações da Vale. O USW e o Unite the Union fizeram uma aliança oficial, formando o primeiro sindicato global: “Workers Uniting” [Link: http://www.usw.ca/program/content/overview_sub.php?modules2_ID=685&modules_ID=685⊂=685&lan=en]


O que devem pensar de tudo isso os integrantes da comunidade que não são sindicalizados?

Cada pessoa que mora ou trabalha em Sudbury, Port Colborne e Voisey’s Bay deveria reconhecer que o bem-estar e a viabilidade econômica de sua comunidade está sob ameaça. A questão não é se a Vale-Inco sobreviverá a esta recessão. Os lucros dela respondem a essa pergunta. A verdadeira questão é: quando acabarmos por sair desta recessão, nossas comunidades poderão contar com aquela renda familiar de nível de classe média, tão crucial para a economia local?

Para o Canadá, a questão é se nossos recursos naturais, e os empregos difíceis e perigosos envolvidos em sua extração, podem oferecer a essas famílias trabalhadoras uma remuneração confiável e um bom padrão de vida.

É simplesmente errado que empresas estrangeiras extraiam recursos canadenses e realizem lucros tão substanciais, sem prover uma renda segura a famílias e comunidades onde tanto se trabalha.

Wednesday 12 August 2009

Julgamento no STJ - Massacre de Eldorado do Carajás: basta de impunidade!


CAMPANHA PELA MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO

DO CORONEL MARIO PANTOJA E DO MAJOR JOSÉ MARIA OLIVEIRA

COMANDANTES DO MASSACRE DE ELDORADO DE CARAJÁS


Comandantes de massacre serão julgados pelo STJ no dia 25 de agosto de 2009


Recurso Especial n.º 818815 -QUINTA TURMA


Ministra Relatora LAURITA VAZ – gab.laurita.vaz@stj.jus.br

Ministro NAPOLEÃO MAIA FILHO (pres. da turma) - gab.napoleao.maia@stj.jus.br Ministro FELIX FISCHER – gab.felix.fischer@stj.jus.br

Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA – gab.arnaldo.lima@stj.jus.br

Ministro JORGE MUSSI – gmjm@stj.jus.br



“É difícil defender

só com palavras a vida

(ainda mais quando ela é

esta que vê, severina).”

João Cabral de Meto Neto



No próximo dia 25 de agosto de 2009, depois de mais de três anos de espera e de adiamento ocorrido no mês de junho, será julgado pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, o recurso apresentado pelo Coronel Mario Colares Pantoja e pelo Majos José Maria Oliveira, comandantes do Massacre de Eldorado de Carajás, que tem por objetivo a anulação do julgamento no qual foram condenados a 228 anos de prisão.


O único e absurdo argumento por eles apresentado é o de que teria havido nulidade do julgamento por deficiência na formulação dos quesitos apresentados ao corpo de jurados, o que não passa de uma ficção jurídica, criada para tornar a impunidade definitiva.


No dia 17 de abril de 1996, no estado brasileiro do Pará, nas proximidades do município de Eldorado do Carajás, num trecho da rodovia PA 150, no local denominado de curva do “S”, 155 policiais militares, dividos em duas tropas, cercaram e atacaram com armas de fogo uma manifestação de trabalhadores rurais sem terra que bloqueavam a estrada para reivindicar a realização da reforma agrária.


Estes fatos ficaram gravados na memória do povo brasileiro e de todo o mundo como o massacre de Eldorado do Carajás.


Seis trabalhadores rurais foram assassinados com disparos de armas de fogo durante a operação militar de desobstrução da pista da rodovia. Após a desobstrução e encerrada a missão dos policiais, foram executados sumariamente ainda outros treze trabalhadores, que estavam feridos e inconscientes na pista e outros que, conscientes, não tinham mais condições de locomoverem-se, em função de ferimentos de bala nos pés e pernas. Restaram 19 trabalhadores rurais mortos, 69 feridos e, dentre estes, três faleceram alguns meses depois em razão das seqüelas produzidas pela brutal violência.


Passados treze anos de uma das mais veementes exemplos da impunidade que cerca os crimes cometidos no país contra os trabalhadores rurais, nenhum dos responsáveis pelo massacre foi efetivamente punido.

Tudo foi feito para que os responsáveis restassem impunes.


No dia do massacre, os corpos foram retirados do local antes da chegada da perícia. Não foram realizados exames de resíduos de pólvora nas mãos dos policiais militares para verificar quem havia efetuado os tiros. Tampouco foram recolhidas as armas dos políciais para averiguação de qual arma, sob o poder de qual policial foi responsável pela morte de cada um dos 19 trabalhadores vitimados. Antes de tudo, como tudo já havia sido planejado, os Policiais Militares sairam de seus batalhões sem as indentificações que deveriam ostentar em suas fardas.


Em sede judicial, evidenciou-se também de maneira farta o conluio para a impunidade.


O juiz Ronaldo Valle, presidente dos primeiros julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri de Belém/Pará, em agosto de 1999, deixou que ocorressem inúmeras violações ao procedimento legal, tendo como mais grave a permissão para que um dos jurados manifestasse em público, durante a sessão, sua opinião sobre a ausência de culpa dos polícias pelo massacre.


Ao final da primeira sessão que levou a julgamento os comandantes do massacre, com evidente interesse em prejudicar a compreensão dos jurados, o juiz formulou de forma confusa as perguntas a eles dirigidas, culminando na absolvição do coronel Mário Colares Pantoja, do major Maria José Oliveira e do capitão Raimundo Almandra Lameira.


No ano 2000, em razão dessas nulidades, o Tribunal de Justiça do Pará anulou o julgamento, o juiz Ronaldo Valle pediu afastamento do caso e dentre os 18 juízes da Comarca de Belém, 17 declararam-se impedidos de presidir o julgamento, alegando serem favoráveis aos Políciais e contrários ao MST.


Porém, aceitando presidir o julgamento sob a alegação pública de não ter medo do MST, a juíza Eva do Amaral Coelho marcou nova sessão de julgamento dos comandantes para o mês de julho de 2001, determinando que fosse retirada do processo a principal prova da acusação, um laudo do perito Ricardo Molina, da Universidade de Campinas, demonstrando que os primeiros disparos foram feitos pela PM, e não pelos sem-terra.


O Ministério Público e os assistentes da acusação se insurgiram contra essa determinação, o júri foi adiado para o mês de maio de 2002 e houve determinação do afastamento da Juíza.


Indicado o juiz, Roberto Moura para presidir o caso, este decidiu por julgar, em apenas cinco sessões, 144 policiais militares, e houve inúmeras denúncias de testemunhas que sofreram ameaças.


Ao final dos julgamentos, apenas o Coronel Pantoja e o major Oliveira foram condenados. Receberam a pena de 228 anos de prisão, mas obtiveram o benefício de recorrer em liberdade. Ambos apresentaram recurso de apelação ao Tribunal de Justiça do Pará, que lhes negou os pedidos. Ambos também recorreram ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal e aguardam em liberdade o julgamento desses recursos.


Por todas essas razões, conclamamos a todos/as que se manifestem, enviando ao Ministros integrantes da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça e à Ministra Relatora, pedido para que seja mantida a condenação do Coronel Mario Pantoja, com o que se dará mais um passo rumo à realização da justiça.


“Se nos calarmos, as pedras gritarão” (Pedro Tierra)

Monday 10 August 2009

"Cruel, arrogante, mentirosa empregadora, nao nos renderemos!"


"Vicious, Arrogant, Lying Employer, we will not be broken!"

"Cruel, arrogante, mentirosa empregadora, nao nos renderemos!"


Strikers Wayne Belanger (left), Jamie West, Todd Chretien and Maurice Godard man the United Steelworkers picket line Monday outside Vale Inco’s Copper Cliff Smelter Complex. As the strike enters its fourth week, news reports indicate job and investment cuts by Vale Inco’s parent company, Vale SA, have raised the ire of Brazil’s president, who reportedly wants the government to pursue greater control over the corporation.

Denis St. Pierre, The Sudbury Star


Grevistas Wayne Belanger (esq.), Jamie West, Todd Chretien and Maurice Godard, os trabalhadores mineiros protestam em frente a uma das instalacoes da Vale no Canada. Com a greve entrando em sua quarta semana, meios de imprensa do Brasil indicam que os cortes de investimento e de emprego da Vale tem provocado a ira do Presidente Lula, que teria manifestado o desejo de que o governo venha a exercer maior controle sobre a empresa.

Governo brasileiro retomando o controle sobre a Vale?


Nota do blog: Trata-se de matéria bastante curiosa, (assim como os respectivos comentarios dos leitores) publicada recentemente em jornal de Sudbury, Canada, sobre o eventual interesse do governo brasileiro em retomar o controle sobre a Vale, conforme especulacoes da coluna de Lauro Jardim, da Revista Veja, em 01/8/2009.



Brazilian president takes aim at Vale S/A

Posted By Denis St. Pierre, The Sudbury Star

Aug 5, 2009


The Brazilian president's reported denunciation of huge job and investment cuts by mining giant Vale SA is being praised by the United Steelworkers union, which also decries the absence of such a position by the Canadian and Ontario governments.

"Good on Lula, bad on the Canadian government," Steelworkers District 6 director Wayne Fraser said Monday in response to news reports about Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva.

Lula, Brazil's first-ever working- class president, wants his government to take control of Vale SA, the country's largest newsmagazine reported on the weekend.

According to the report, Lula is upset with what he considers unnecessary job cuts and curtailing of investment plans by Vale SA's chief executive officer, Roger Agnelli.

Lula asked officials to find a legal way to ensure the government controls Vale through the investment arm of Brazil's state development bank and its state-controlled employee pension fund, the magazine Veja reported, without identifying its sources.

Valepar SA, the company that controls Vale, is owned by a combination of the employee pension fund of Banco do Brasil SA; Bradespar SA, an industrial holding company; Mitsui and Co., Japan's second-largest trading company; and BNDES Participacoes SA.

Vale declined to comment on the report, a company spokesperson told Bloomberg.com on the weekend.

Nor did Lula's press office return calls, Bloomberg said.

On Monday, the Steelworkers' Fraser said he is not surprised that Brazil's president would denounce what he characterized as Vale's attacks on workers and their communities, in various countries.

"Lula has said to all the Brazilian multinational companies, 'if you're moving into other countries, you're representing Brazil in these countries and the reputation of Brazil is at stake with everything you do,' " Fraser said.

"Agnelli's cutting thousands of jobs, not just here but in Brazil and elsewhere and that's not going over too well. It's their disrespect for their employees, be it in Brazil or Canada or South Africa, that is the issue here and at least the president of Brazil appears to think that's important.

"It would be nice to see our leaders, whether it's (Ontario Premier Dalton) McGuinty or (Prime Minister Stephen) Harper, say, 'this is enough; it's time to get back to the bargaining table.' "

About 3,100 members of Steelworkers Local 6500 in Sudbury and another 125 members of Local 6200 in Port Colborne have been on strike against Vale Inco since July 13. The workers have rejected the company's demands for changes to their bonus system, pension plan and seniority rights.

About 120 to 150 Steelworkers members, employees of Vale Inco's operations in Voisey's Bay, Nfld., went on strike Saturday.

Meanwhile, Steelworkers members from Sudbury and from Vale Inco's operations in Thompson, Man., are in Port Colborne today for a rally at the union's picket line in the southern Ontario community.

"Basically, our entire bargaining committee is here to meet with the Local 6200 strikers and local residents and politicians who support our fight," said Local 6500 president John Fera.

"It's important to make sure that everybody knows that we in Sudbury and Port Colborne and Voisey's Bay are not fighting in isolation, that we are united in this."

United Steelworkers members from Sudbury travelled to Brazil on the weekend and another local delegation is headed to the South American country next week.

The trips are part of the Steelworkers campaign against Vale's actions and the union's ongoing collaborations with other international labour groups, Fraser said.

Friday 7 August 2009

Video: Canadian miners strike global giant


This blog recommends a 10-minute video about the fight of Canadian miners who are currently on strike against giant Brazilian mining company Vale. The video was produced by The Real News.

Click HERE to watch the video (in English, no subtitles)

Consulta a sindicatos se torna obrigatória para a concessão de licenças ambientais

Por Adauri Antunes Barbosa
O Globo - 07/08/2009

Portaria do ministério e do Ibama permite que entidades opinem no processo de licenciamento de empreendimentos


SÃO PAULO. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, assinou ontem portaria conjunta de sua pasta e do Ibama que permite às entidades sindicais de trabalhadores opinarem no processo de licenciamento ambiental de um empreendimento empresarial.

Segundo a portaria - assinada durante o 10º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo -, os empreendedores ficam obrigados a incluir no Estudo de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) capítulo específico sobre "alternativa de tecnologias limpas para reduzir os impactos na saúde do trabalhador e no meio ambiente, incluindo poluição térmica, sonora e emissões nocivas ao sistema respiratório".

- Todos os licenciamentos têm programa de mitigar em relação à fauna, mitigar em relação à flora. Mas não têm de mitigar em relação à saúde do trabalhador. Então, a gente está introduzindo, no que já existia, a ecologia humana. Acho que é um avanço - disse Minc.

Além da portaria, Minc assinou também um protocolo com a CUT para que a central instale, em no máximo 60 dias, um fórum nacional de debates de questões ambientais, para o qual serão convidados representantes de outras centrais sindicais. O presidente da CUT, Artur Henrique dos Santos, lembrou que no congresso da entidade, que termina hoje em São Paulo, estão sendo criadas as secretarias nacionais de Meio Ambiente e de Saúde do Trabalhador da entidade.

Ministro afirma que medida não atrasará processo

Perguntado se a medida não vai contra a posição do presidente Lula, que frequentemente critica os excessos da legislação ambiental que atrasam a liberação de projetos, inclusive do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minc disse que não haverá atraso de nem um dia nas licenças.

- Essa portaria não atrasa um dia nenhuma licença. Zero de atraso. As pessoas vão ter o direito de saber o que respiram, vão ser ouvidas, vão poder pegar os resultados, vão poder acompanhar - garantiu o ministro, falando de medidas já tomadas pelo ministério, que tornam os licenciamentos ambientais mais ágeis sem "afrouxar rigorosamente em nada o vigor".

De acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), não há problema em consultar também os trabalhadores, uma vez que já são parte envolvida e contemplada no impacto ambiental retratado no Rima. Mas, de acordo com Nilton Fornasari Filho, gerente do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp, a falta de especialistas na área nos sindicatos e nas centrais sindicais dos trabalhadores poderá fazer com que haja atraso na liberação dos projetos.

- O que nos preocupa é que vai haver mais uma instância, o que pode levar a mais demora na aprovação de um licenciamento ambiental. É preciso ver também se vai haver pessoal capacitado para avaliar os relatórios e estudos ambientais - disse o representante da Fiesp.

Para Minc, no entanto, mesmo estando o empreendedor obrigado a informar e esclarecer aos trabalhadores "as condicionantes estabelecidas na licença de instalação", não haverá atraso nos licenciamentos.

- Vai ter um prazo para (as entidades sindicais) se manifestarem. Enquanto isso outros pontos do licenciamento estão andando em paralelo, quer dizer, o licenciamento ambiental não cessa para as centrais sindicais se manifestarem. São processos simultâneos, um não interfere no outro.

Thursday 6 August 2009

Urgente - Represión en Chile

Hoy 6 de agosto el gobierno de Chile, se vuelve contra nuestro pueblo, con el fin de proteger los intereses económicos de MINERA LOS PELAMBRES. Hoy tratan de de detener a mi gente solo por defender el derecho fundamental de vivir en un medio ambiente libre de contaminación. Nos levantamos, y dijimos basta debido al ultimo accidente de MLP, que derramó concentrado de cobre y otros minerales a las aguas de regadio y consumo del Rio Choapa, dejando comunidades completas sin este vital elemento. Hoy llegan las fuerzas especial reprimiendo a mi gente movilizada atacando comunidades, niños, mujeres, ancianos, sin consideración y respeto por nuestro pueblo. Ese el gobierno que tenemos, que se comprometió atraves de la gobernadora del Choapa a no mandar fuerzas. Hoy nos mintió y fuimos engañados y además reprimidos. Solicitamos su solidaridad para difundir esto y ayuden de esta forma a mi gente. Gracias.
Comunidades del Choapa
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Estas son radios locales de Salamanca e Illapel y se escucha on-line este es el comunicado nuestra gente esta siendo reprimida por las fuerzas especiales de Carabineros de Chile, estamos desde el domingo en esto con nuestros compañeros del valle.

Mesa de Trabajo Resolutiva de las Comunidades del Choapa, Chile

COMUNICADO DE PRENSA

Con fecha 06 de Agosto del 2009,

Comunicamos que:

Las Comunidades del Choapa, se encuentran movilizadas por la irresponsabilidad en el actuar de la Empresa Minera Los Pelambres, desde que comenzaron su proyecto en el año 1989. En nuestro valle. Desde que se concedió el permiso ambiental por parte de Corema a MLP, nuestras comunidades han tenido que soportar “evento tras evento”. Y tener que conformarnos con escuchar “que tal evento o no sucedió o es muy pequeño para causar daño”. Y en el mejor de los casos que sean sancionados con sumas irrisorias que no compensan y tampoco reparan el daño ocasionado.

Hoy nos encontramos ante la situación que el sábado 02 de Agosto del presente año, ocurrió una vez más un accidente Ambiental dónde ocurre una rotura de válvula del concentraducto de cobre, en el Km 37 sector El llano el Dima, frente a Llimpo y a 1500 Mts del APR de Panguesillo, Ladera Sur Río Choapa, derramando aproximadamente 45 Mt³ de concentrado de cobre y de otros minerales. Los cuales escurrieron al Río Choapa y los canales Panguesillo 1,2 y EL Higueral y otros.

Es importante señalar que este Accidente representa la falta de seguridad en las diferentes líneas de Proceso, del proyecto. Además de la respuesta tardía de los canales de comunicación que deben existir ante la ocurrencia de un derrame que es altamente nocivo para la salud humana, animales, productos agrícolas y el recurso principal como es el agua, tanto de consumo, como de riego. Existiendo falta de previsión y de inconciencia frente al valor de la vida y la Protección de los Recursos Naturales. Produciendo un daño irreversible a nuestro Valle del Choapa.

Recordamos que la Constitución Política del Estado de Chile en el Art 19 manifiesta que:

“Los Chilenos (as) tenemos el derecho fundamental de vivir en un ambiente libre de Contaminación”. Por lo tanto MLP, está violando impunemente la Carta fundamental de Nuestro Estado, permitiendo que sus procesos mineros contaminen y destruyan nuestra calidad de vida, afectando a perpetuidad el presente y futuro de nuestras generaciones. Emplazamos al Gobierno y los servicios Técnicos competentes, a cumplir su labor de fiscalización y sancionar con rigurosidad este tipo de Accidentes.

Ante todos estos acontecimientos ambientales, se ha producido una respuesta de solidaridad de las Comunidades del Choapa: Panguesillo, La Higuerilla, Punta Nueva, Tranquilla, Cuncumén, Chillepín, Llimpo, Jorquera, Tahuinco, Colliguay, Caimanes, Valle Pupío, La Peste, Salamanca, Sindicato de Camaroneros del Río Choapa. Además de las organizaciones Sociales de la Provincia del Choapa que defienden la vida y los recursos naturales: Organización Ciudadana Ambiental de Salamanca, Agrupación de Defensa del Valle de Chalinga, Comité de Defensa Valle Chuchiñi, Acción Ciudadana Medioambiental de Illapel ( ACMA ). Las cuales conforman una Mesa de Trabajo, que tiene como Objetivo Analizar y determinar los Impactos Ambientales y Sociales, causados a las Comunidades beneficiarias de las Aguas del Choapa.

Declarando las Siguientes Demandas:

Mesa de Trabajo con Capacidad Resolutiva, con la Comunidad en general, y no con dirigentes de las actuales instituciones que silencian los impactos ambientales.

Cambio del Pozo del agua potable Rural (APR) de Panguesillo, y reemplazo total de la red afectada, a un sector seguro para nuestra comunidad. Esto implica un nuevo estudio de ubicación de este pozo, gasto que debe asumir el gobierno y no asumirlo por nuestros usuarios.
Lavado y reparación de canales de regadío afectados por el derrame, canales Panguesillo1,2,3. De responsabilidad de MLP y fiscalizado por los organismos competentes DOH, DGA, Junta de vigilancia y Comunidades de regantes del lugar.

Monitoreo de la aguas de consumo humano y de riego, por parte del gobierno e entidades no gubernamentales, con una periodicidad de dos veces por semana. Estas entidades deben ser contratadas por las comunidades afectadas y en forma independiente, financiada íntegramente por MLP.

El Plan de Comunicación de Emergencia de MLP, debe estar dirigido a la Comunidad en General, como primer afectado, antes de ser conocido por CONAMA, debido a la poca coordinación y respuesta de esta.

Visita en Terreno de COREMA, con participación de la Comunidad, para evaluar los impactos Ambientales.

Reconocimiento Social y Público Por parte de MLP y de las Autoridades, de la Contaminación Ambiental que genera su proyecto.

Indemnización por los daños ocasionados a los usuarios del Agua Potable Rural de Panguesillo y Canales de Regadío, por parte del responsable del derrame MLP.

MLP y Gobierno aceptaron los acuerdos, exceptuando los dos últimos puntos. Los cuales se han discutido ampliamente en la Mesa de trabajo, hasta el día martes 4 de Agosto. Quedando de seguir en conversaciones el día siguiente: situación que no se concretó por abandono de las negociaciones por parte de la Empresa Minera Los Pelambres. Con esto queda claro que MLP, no tiene Voluntad de Negociar y dar Solución preventivas y reparativas a las Comunidades Afectadas.

El espíritu de las comunidades del Choapa, en su conjunto, levanta un precedente de Unión frente a las necesidades de proteger nuestros recursos naturales y derechos Sociales, vulnerados. Esto evidencia la necesidad de crear una herramienta de Planificación del Territorio a través de un marco jurídico normativo Medioambiental, de la provincia del Choapa. Adecuado a las necesidades y realidades actuales, de Nuestra zona.

LA PROTECCIÓN DE NUESTRO VALLE ES UN DERECHO FUNDAMENTAL DE VIDA



Leer más:

Derrames de concentrado en Rio Choapa

12 episodios de contaminación desde agosto de 2008

Wednesday 5 August 2009

Impacto da mineração sobre comunidades é tema de seminário em Congonhas-MG

Fonte: MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens


O Movimento dos Atingidos por Barragens e outros parceiros vão realizar o Encontro dos Atingidos pela Mineração nos dias 13 e 14 de agosto, em Congonhas, no auditório do Sindicato Metabase. O objetivo é ouvir as famílias prejudicadas pela exploração de minério na região, situação agravada agora com a implantação de Siderurgia no Município de Jeceaba pelas empresas francesa, Valorec, e japonesa, Sumitomo, e pela expansão da CSN em Congonhas.
As áreas desapropriadas pelo Governador e repassadas de mão beijada a essas empresas chega a quase 4 mil hectares. O canteiro de obras das empresas francesa e japonesa, que deverá ocupar 8 mil homens, já deixa seus rastros nefastas nas pequenas cidades da região, principalmente Entre Rios Minas e São Brás.
Entre Rios teve seu Plano Diretor totalmente manipulado pelas empresas, desenhando o futuro da cidade segundo seus interesses. São Brás enfrenta diversos problemas. O principal deles é que a água da Copasa buscada na sede do Município para fazer concreto das empresas falta para a população, que paga a conta.
Em Congonhas, o impacto da mineração da CSN sobre a população é lastimável, principalmente nos bairros Casa de Pedra, afetado pela poeira, e Plataforma, pelo barulho e área de risco de barragem de rejeito. Com a sua expansão, a CSN riscará do mapa alguns povoados, entre eles Santa Quitéria.

Tuesday 4 August 2009

Greve em operações da Vale no Canadá chega ao Brasil

By DENIS ST. PIERRE, SUN MEDIA
(tradução livre para o português por este blog)

Membros do United Steelworkers (Sindicato dos Metalúrgicos do Canadá), atualmente em greve contra a Vale-Inco em Sudbury (Província de Ontario), estão viajando ao Brasil neste fim de semana com o intuito de expandir sua campanha pública contra esta gigante mineradora global e reforçar alianças com outros sindicalistas.

Pelo menos dois líderes sindicais de Sudbury viajam neste fim de semana ao Brasil -- sede da companhia Vale S/A -- e outros membros farão o mesmo dentro de algumas semanas, disse Wayne Fraser, um dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do Canadá (6o. Distrito).

"Eles irão se encontrar com todos os sindicatos de trabalhadores da Vale," disse Fraser. "Haverá uma rodada de negociações coletivas e nossos membros estarão lá."

Representantes dos Steelworkers também participarão de uma conferência no Brasil junto com outros 350 líderes sindicais de todo o mundo.

"Nossos membros farão uma exposição sobre o que está acontecendo aqui no Canadá com respeito à greve," afirmou Fraser.

"Pretendemos intensificar nossa campanha contra a Vale em todo o mundo, quanto ao seu comportamento atroz aqui no Canadá."

Cerca de 3.100 trabalhadores da Vale Inco em Sudbury, além de outros 125 em Port Colborne, estão em greve desde o último 13 de julho. As questões que estão em disputa incluem as imposições da Vale para que haja restrições quanto ao plano de pensão dos trabalhadores e ao antigo bônus relacionado ao preço do níquel (minério extraído nas operações da Vale no Canadá), além de outros benefícios historicamente reconhecidos.

Outros 450 Steelworkers, empregados nas operações da Vale Inco em Voisey's Bay, Província de New Foundland, deverão entrar em greve amanhã.

Os Steelworkers já vêm estabelecendo o que eles chamam de uma "parceria estratégica" com sindicatos brasileiros. A parceria promete apoio mútuo aos trabalhadores em suas respectivas negociações com a Vale.

No início deste mês, uma confederação de trabalhadores brasileiros divulgou um manifesto público criticando a Vale e acusando-a de ter provocado propositalmente a greve em Sudbury.

"Uma multinacional que tem 22 bilhões de dólares em capital flutuante e que lucrou 13,2 billhões de dólares em 2008, enquanto supostamente se importa em defender uma imagem de uma empresa socialmente responsável, não precisaria estar apertando os trabalhadores e suas comunidades," disse Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Brasil.

Vale Inco strike to reach Brazil


By DENIS ST. PIERRE, SUN MEDIA

United Steelworkers members, on strike against Vale Inco in Sudbury, are heading to Brazil this weekend to escalate their public campaign against the global mining giant and cement ties with international trade unionists.

At least a couple of Sudbury union representatives are travelling this weekend to Brazil -- headquarters of Vale SA -- and other members will replicate the trip in a couple of weeks, said Wayne Fraser, director of Steelworkers District 6.

They are going to meet with all the unions from Vale," Fraser said. They are having a collective bargaining session and our guys are going to be there."

Steelworkers representatives also will attend a conference in Brazil with 350 trade union leaders from around the world.

Our guys are going to make a presentation about what is happening with respect to the strike," Fraser said.

We are going to escalate our campaign against Vale, our corporate campaign worldwide against Vale in terms of their atrocious behaviour here in Canada."

About 3,100 members of Steelworkers Local 6500 in Sudbury, as well as 125 union members from Vale Inco's operation in Port Colborne, have been on strike since July 13. Contentious issues in the dispute include Vale's demands for changes to the workers' pension plan, a longstanding bonus tied to the price of nickel and seniority-based job transfer rights.

Another 450 Steelworkers members, employed at Vale Inco's operations at Voisey's Bay, N. L., are set to strike tomorrow.

The Steelworkers already have established what they term a "strategic partnership" with unions in Brazil. The partnership pledges mutual support for workers in their respective negotiations with Vale.

Earlier this month, a Brazilian labour federation issued a public statement criticizing Vale and accusing the company of provoking a strike in Sudbury.

A multinational that has $22 billion of cash flow and shows $13.2 billion in profits in 2008, while supposedly caring for its image as a socially responsible company, doesn't need to squeeze workers and their communities," said Artur Henrique da Silva Santos, president of the CUT (Unified Workers' Central) Brazil.

Sunday 2 August 2009

Vale vai reforçar investimento em aço


Após ser fortemente afetada pela crise financeira global, a Vale decidiu rever sua estratégia no setor siderúrgico para garantir demanda por minério de ferro. Com a mudança, a empresa brasileira vai deixar de ter uma posição minoritária nas novas usinas e passa a arcar sozinha com os custos iniciais de desenvolvimento do empreendimento.

"Vamos tocar toda engenharia e o licenciamento. Depois que tudo estiver aprovado, aí sim, vamos atrair parceiros", disse o diretor executivo de Ferrosos da companhia, José Carlos Martins. A Vale chegou até a reforçar a área com a contratação de 20 pessoas e a criação de uma superintendência geral de engenharia de siderurgia.

A mudança de estratégia, segundo o executivo, tem como pano de fundo as dificuldades enfrentadas por alguns parceiros da Vale no setor. É o caso da chinesa Baosteel, que no ano passado desistiu de construir uma siderúrgica no Brasil, alegando problemas com licenciamento e o local para instalação da unidade.

Martins acredita que a crise mundial, que provocou uma forte retração na demanda por minério de ferro, também teve peso na decisão da companhia de mexer em sua estratégia para o setor siderúrgico. O executivo admite que a companhia brasileira foi a mais prejudicada pela crise, por ter grande parte de suas vendas destinadas aos mercados da Europa e dos Estados Unidos, regiões mais afetadas pela queda do consumo de aço.

"Ficou claro para nós que precisamos ter maior produção siderúrgica no ocidente. Uma maneira de se conseguir isso é atrair mais produção para esse lado do mundo", afirmou. E a expectativa de Martins é de que o novo modelo dê mais segurança aos parceiros de entrar em projetos no Brasil. Segundo ele, dessa forma, a mineradora também evita ficar anunciando obras que serão canceladas.

O diretor admite que a Vale está mais flexível hoje e que pode assumir uma participação acionária maior quando negociar uma parceria para seus empreendimentos siderúrgicos. "Estamos mais dispostos a isso", lembrou.

Martins revelou que, dentro dessa nova estratégia, a Vale tirou novamente da gaveta os estudos para instalação de uma usina de aço no Espírito Santo e que no dia 25 de agosto assina um memorando de entendimento com o Estado do Pará para a construção da Aços Laminados do Pará (Alpa), no município de Marabá.

Segundo ele, a construção de cada novo alto-forno no Brasil garante à Vale um fornecimento de cerca de 4 milhões de toneladas por ano de minério de ferro, matéria-prima na fabricação de produtos siderúrgicos.

O diretor calcula que, se todos os projetos da Vale já anunciados no segmento saírem do papel, a empresa vai garantir um aumento de vendas na casa de 30 milhões de toneladas por ano. Hoje, a produção total da companhia do insumo está próxima a 300 milhões de toneladas.

Na semana passada, a Vale já havia aumentado seus investimentos em siderurgia, ao ampliar sua fatia na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), controlada pela ThyssenKrupp, de 10% para 26,8%, a um custo de US$ 1,37 bilhão.

Fonte:
Mônica Ciarelli
O Estado de S. Paulo - 28/07/2009