Friday, 10 July 2009

JUIZA DE SAN MARCOS (PERU) SUSPENDE LEITURA DE SENTENÇA PARA DIRIGENTES SOCIAIS PROCESSADOS POR PROTESTAR CONTRA COMPANHIA VALE

Por supostamente não contar com as medidas necessárias de segurança, a Juíza do Juzgado Mixto de San Marcos, María Castro Chumpitaz, determinou a suspensão da diligência de Leitura de Sentença programada para o dia de hoje, 9 de julho de 2009, em face de 10 (dez) líderes de San Marcos e Valle de Condebamba, acusados de cometer delitos de “entorpecimento dos serviços públicos”.

Como é sabido, estes lideres participaram de una marcha de protesto em 11 de setembro de 2008 contra a empresa mineradora Misky Mayo (hoje Vale-Perú, controlada pela companhia brasileira Vale) que vinha se instalando neste produtivo vale. A demanda do povo era que tal empresa se retirasse, tomando em conta não somente a ameaça que significa minerar em um vale tão produtivo como é o de Condebamba, mas também pela série de conflitos que a empresa já havia gerado, tomando propriedades de maneira ilegal e ameaçando a população com agentes de segurança privada que andavam armados, como se denunciou em meios de comunicação nacionais como o diário “La República”[1]. Durante esta manifestação pública, o trânsito foi interrompido de maneira parcial e estes líderes foram acusados de provocar desordem.

Por este motivo, estes dez dirigentes estão sendo processados, com o pedido do Ministério Público para que lhes sejam aplicadas penas de 6 e 7 anos de prisão. A sentença deveria ter sido emitida hoje, porém a Juíza alegou que só havia no local 13 policiais, os quais seriam insuficientes para “repelir qualquer agressão” que a população pudesse vir a provocar depois de lida a Sentença.

Cabe indicar que de fato nos arredores do local de julgamento se encontravam centenas de pessoas que expressavam lemas de apoio a seus líderes. No entanto, há que se considerar que os mesmos manifestantes estavam se portando de maneira tranquila e ordenada, não tendo provocado em nenhum momento nenhuma desordem nem dado motivo algum para que a Juíza pudesse presumir uma possível agressão.

A população está indignada não somente por ter sido qualificada de “agressores” pela Juíza em sua decisão de suspender a diligência, mas também porque tanto os lideres processados como as pessoas que os acompanhavam tiveram que se mobilizar de lugares muito distantes para chegar ao local de julgamento e finalmente escutar que este ato estava sendo suspendido sem motivação suficiente.

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[1] A transcrição na íntegra da matéria respectiva e outras informações podem ser encontradas aqui mesmo neste blog.

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