Já salta aos olhos o incremento da incidência de cânceres em nossa capital, como de resto no Brasil e no mundo inteiro, mas aqui parece que a situação tem se agravado exponencialmente.
Não é necessário ser médico para constatar o fato. O falecimento precoce e brutal de Josilda Bogéa, estimulou a prospecção e a natural indagação do por quê do fenômeno. E a análise de cada um foi mais que convincente.
Não temos estatísticas de mortalidade e morbidade confiáveis no Maranhão.Os últimos dados que dispomos(2006) previa-se o diagnóstico de 4.250 casos de cânceres, 2340 em homens e 1910 em mulheres. É evidente a sub-notificação e o não diagnóstico, afinal só dispomos de um Hospital para tratamento oncológico no Estado.
No Mundo 7 milhões e 600 mil, em 2005 com previsão de 9 milhões em 2020; no Brasil 489.270 (2010). Uma verdadeira praga.
A análise do incremento desta patologia no Maranhão nos remete necessariamente à poluição ambiental da Ilha e está mais que comprovado a relação de causa e efeito entre as duas ocorrências.
Existem trabalhos relevantes que não deixam dúvidas.Consultem: (http://ambientes. ambientebrasil.com.br/ residuos/artigos/metais_ pesados.html e (http://www.achetudoeregiao. com.br/animais/poluicao_no_ar. htm)
Os arsenicais por exemplo é um deles, usados industrialmente em metarlurgia para fundição de metais férricos, justamente o que mais faz a Vale; o Cromo, além de câncer de pulmão, também é responsável por câncer de laringe e seis paranasais é encontrado na anodização térmica do alumínio , também uma fase importante da industrialização do alumínio da Alumar, que de uma hoje já são quatro em tamanho e produção; o Níquel, o Cádmio que eleva o risco de câncer de pulmão em 10 vezes mais e que é encontrado em pilhas e baterias, cuja destinação e tratamento ninguém se preocupa; idem para o Cádmio, este com maior prevalência sobre o câncer de próstata; A fuligem dos carvão vegetal e o alcatrão do carvão mineral , o pó, tão festejados quando aqui chegam via usinas termoelétricas, fábricas de cimento e nos auto-fornos das indústrias siderúrgicas.
E tem mais, porque temos mais na Ilha.
Os óxidos de enxofre e nitrogênio, abundantes na queima de carvão mineral, em uma termoelétrica se instalando na Ilha, são altamente cancerígenos; O mercúrio, também abundante em acumuladores, pilhas e baterias que se decompõe a céu aberto é um dos grandes causadores de cânceres, em especial a um tipo que hoje é a quarta maior incidência no homem e a terceira da mulher, o de cólon. É simples: A eliminação do mercúrio através do cólon produz necrose da membrana mucosa, a qual se dilacera, o que é o primeiro estágio para lesões neoplásicas.
Um estudo com 972 mulheres que vivem ou trabalham em grandes cidades, realizados no Hospital “Princess Grace”, em Londres, associam a poluição ao adenocarcioma mamário.
No trabalho, Mortality and incidence of cancer in workers in bauxite (http://onlinelibrary.wiley. com/doi/10.1002/ijc.23554/ abstract) detecta-se o aumento de um tipo de um tumor específico no pulmão,o mesotelioma, em 49%, pela ação da bauxita.
Há um trabalho de pesquisadores do Centro Médico Kaplan e Faculdade de Medicina da Universidade de Tel-Aviv, Israel, comprovando uma associação entre aumento da incidência de câncer, nove tipos, e residir próximo a uma estação transmissora de telefonia celular principalmente em mulheres, com uma incidência quase 20 vezes maior ao registrado em áreas fora.( www.mreengenharia.com.br/pdf/ artigo_05_cancer.pdf )
Naturalmente estes dados valem para o Brasil inteiro, mas em nossa Ilha há uma conjunção hedionda deles. Somos pródigos em termos agentes causadores de cânceres de maior incidência.
O Jornal Brasileiro de Pneumologia, edição de março de 1962 “Carcinoma Brônquico( e outros cânceres): Agentes determinantes na exposição” conclui com a seguinte advertência:
- Ressaltamos o papel dos agentes químicos industriais, pois se tem silenciado sobre tão estarrecedor realidade,provavelmente mancomunado com a idéia, inconsciente(?) de que o holocausto ao progresso estas mortes se justifiquem.
O solo da Ilha é altamente poroso, o lençol freático quase à superfície, as megas- usinas de industrialização de alumínio e ferro, os lagos de bauxita de até 8 mil metros quadrados se multiplicam, não há legislação para o descarte apropriado de acumuladores de um modo geral, pilhas, baterias, etc..( temos uma lei aprovada e ainda não sancionada), os veículos se espremem nas poucas avenidas descarregando monóxido de carbono à vontade, todos estes são fatores que nos levam a crer que há relação, sim, entre o câncer e a Ilha.
Uma Ilha praticamente apodrecida pelo incentivo de tantos e entregue a depredadores sob o pretexto de míseros subempregos, nunca os empregos decentes. Os fins justiçam os meios, argumentam, mesmo que seja dos mais abjetos, com um dano físico irreparável.
Por que não incentivar-se o tráfico de entorpecente, um dos maiores empregadores do Rio de Janeiro? Estão procurando quem os abrigue, e São Luis está em pleno leilão de sua integridade, para quem emprega mais.
O princípio é o mesmo, só que um causa um dano físico, rumo à morte ou à enfermidade incurável, o outro um dano moral, abrindo-lhes o caminho para a marginalidade.
E infelizmente existem muitos “fernandinhos beira mar ” nesta área do meio ambiente no Maranhão.
Por: Chico Viana (vereador de São Luís)
www.luiscardoso.com.br
No comments:
Post a Comment