Friday, 18 September 2009

Vale convida Lula para inauguração de usina

Por Vera Saavedra Durão
Valor Econômico - 18/09/2009

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi convidado pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, para a inauguração de Vargem Grande, a 10ª pelotizadora da companhia, com capacidade de produção de 7 milhões de toneladas anuais, localizada próxima ao município de Nova Lima, em Minas Gerais. O investimento total é de R$ 2,3 bilhões.

Apesar das queixas que tem feito da Vale, o presidente Lula deverá cortar a fita de Vargem Grande. A cerimônia deve contar ainda com a presença do governador mineiro Aécio Neves. A expectativa de fontes do setor de mineração é que Agnelli e Lula "fumem o cachimbo da Paz" em Nova Lima no tocante a questão dos investimentos da companhia.

A entrada em operação da unidade de Vargem Grande acontece num momento de recuperação do mercado de minério e pelotas, com a Europa e o Japão voltando ao mercado. No primeiro semestre a Vale produziu e vendeu 7,5 milhões de toneladas do produto, ante 23,7 milhões de toneladas no mesmo período de 2008. Das suas 10 unidades, incluindo Vargem Grande, que estava em processo de rump-up, apenas três delas - Tubarão I e II e Nibrasco, todas em Tubarão (ES) - estavam em atividade.

Das sete usinas de pelotas da Vale e seus sócios japoneses localizadas em Tubarão (ES), seis já voltaram a operar. Estão paradas a pelotizadora de São Luís, no Maranhão, e a Kobrasco (ES). A Vale tem uma capacidade de produção de 65 milhões de toneladas de pelotas anuais, que com as 7 milhões de toneladas da nova unidade totalizam 72 milhões de toneladas.

Os sinais de retomada de produção que a companhia vem emitindo, inclusive anunciando reabertura de minas como a de Água Limpa, em Minas Gerais, ainda não chegaram aos trabalhadores, conforme apurou o Valor. Paulo Soares, presidente do sindicato Metabase de Itabira, disse que "a Vale não nos devolveu ainda os empregos que nos foram tirados no auge da crise". Segundo ele, Itabira teve 3,5 mil demitidos da Vale, sendo a maioria de terceirizados, que ainda não voltaram a trabalhar. Os 1,3 mil demitidos reconhecidos oficialmente pela empresa também permanecem fora da companhia.

Soares disse que os trabalhadores estão acompanhando "as pressões" que Lula vem fazendo sobre a Vale para ela investir em siderurgia e dar emprego". Segundo ele, "é óbvio para quem quiser ver que a companhia, segunda maior mineradora do mundo, tem crédito externo e interno e muito dinheiro em caixa e não precisa demitir empregado". O sindicalista anunciou que os mineiros da Vale estão se preparando para negociar um acordo coletivo com a empresa. "Já encaminhamos uma pauta de reivindicações para abrir negociação com a direção da companhia a partir do dia 20. Entramos em data-base em novembro e vamos defender nossos direitos. A crise não é mais desculpa para demissão."

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