A mineradora Vale do Rio Doce deve apresentar lucro líquido no primeiro trimestre de 2009 superior aos R$ 2,2 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado. Apesar da queda no volume de vendas, por causa da crise global, os preços mais altos do minério de ferro e das pelotas, que são ajustados anualmente, devem contribuir para sustentar o resultado. O controle de custos deve ser outro fator importante para o aumento do lucro.
As projeções de bancos e consultorias para o resultado líquido da companhia são muito variadas. Vão de um piso de R$ 2,6 bilhões do banco Fator a R$ 3,2 bilhões da Brascan Corretora, R$ 3,4 bilhões do Citi, R$ 3,7 bilhões do Modal Asset a até R$ 5,3 bilhões de analistas de corretoras que não quiseram ser identificados. O resultado da mineradora brasileira no primeiro trimestre será divulgado amanhã, após o fechamento do pregão.
As estimativas de receita da companhia no período estão mais consensuais, concentradas no patamar de R$ 14,9 bilhões a R$ 15 bilhões, também acima do faturamento do primeiro trimestre do ano passado.
Apesar da demanda fraca pelo minério, a Vale conseguiu embarcar 50 milhões de toneladas do produto, das quais 30 milhões de toneladas para a China, a um preço médio de US$ 74, segundo estimativas do relatório do Citi.
O banco americano, que espera um "desempenho fraco" para a empresa no primeiro trimestre, avalia que a Vale deu descontos de 20% para as mineradoras chinesas durante o mês de março. Em janeiro e fevereiro, as vendas de minério da Vale foram provavelmente fechadas a preços de contrato, devido aos altos preços do mercado à vista no período.
O Citi projeta também para o trimestre embarques de 56 mil toneladas de níquel, a um preço médio de US$ 10.340 a tonelada.
Eduardo Roche, chefe da área de análise do Modal Asset, calcula que a queda de preço e de demanda do níquel possa ter reduzido a participação do metal no faturamento da Vale.
As projeções para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) da Vale no primeiro trimestre do ano vão de R$ 6 bilhões a R$ 6,9 bilhões.
A projeção mais alta, que supera o lajida do primeiro trimestre do ano passado (R$ 6,6 bilhões) e do último trimestre de 2008 (R$ 6,5 bilhões), parte da expectativa de que a empresa tenha sido severa na contenção de custos e de despesas operacionais no período, decorrentes de ajustes que tem praticado desde o quatro trimestre de 2008.
Os analistas consultados esperam uma recuperação da margem lajida da companhia, para percentuais entre 42,8% e 44%, indicando aumento em relação ao último trimestre de 2008 (38%) e queda na comparação com os 47% do primeiro trimestre do ano passado.
Roche, do Modal Asset, atribuiu esse avanço de margem no curto prazo a um controle de custos mais adequado para o faturamento da empresa. Ele acredita que a Vale está se adaptando às condições atuais de mercado. "A duvida agora é se as vendas vão pegar um pouco de gás no segundo trimestre, já que o mercado está muito incerto e as siderúrgicas estão dando sinais preocupantes", afirmou.
O analista destacou que a Nucor, nos Estados Unidos, e a gigante Arcelor Mittal, fecharam o trimestre com prejuízo.
As ações da Vale subiram ontem na bolsa. As preferenciais classe A avançaram 8,7%, mais do que o Ibovespa, que subiu 6,6%.
Por Vera Saavedra Durão, do Rio
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