Bartolomeo, diretor de logística: "Baixamos em 15% o custo dos projetos"
A Vale do Rio Doce aproveitou a crise econômica mundial, que reduziu a demanda por minério de ferro, para ajustar os investimentos da empresa na área de logística. O plano da mineradora é investir US$ 11,4 bilhões entre 2009 e 2013, abaixo dos US$ 12 bilhões previstos no planejamento anterior, válido para o período 2008-2012. O número um pouco menor reflete o fato de que, em função da crise, a empresa ganhou mais tempo e conseguiu reduções de custos para implantar o projeto de ampliação da capacidade da Estrada de Ferro de Carajás (EFC) e do terminal marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão.
A ferrovia e o porto, ambos situados no chamado sistema norte da Vale, devem receber cerca de US$ 7 bilhões para aumentar em quase 80% em cinco anos a capacidade de escoamento. A capacidade atual do sistema logístico norte da Vale, que é de 130 milhões de toneladas por ano, deve chegar a 230 milhões de toneladas a partir de 2014. A nova realidade do mercado permitiu à Vale baixar em 15% o custo dos projetos de ampliação da EFC e do terminal de Ponta da Madeira, o que representa economia de US$ 1 bilhão, disse Eduardo Bartolomeo, diretor executivo de logística da mineradora.
A economia é resultado da renegociação de preços com fornecedores de equipamentos e serviços, do câmbio e também de mudanças na forma de executar o projeto de engenharia no sistema norte. A empresa poderá comprar trilhos mais baratos e, em um primeiro momento, terá menos canteiros de obras. "Mas estamos mantendo o compromisso de dobrar os investimentos (em logística) nos próximos cinco anos, apesar da crise", disse Bartolomeo. A comparação refere-se aos US$ 5,15 bilhões investidos em logística no período 2004-2008, quando a empresa ampliou a malha ferroviária em mil quilômetros e incorporou à frota 260 locomotivas e 11,3 mil vagões.
"Continuaremos a ser quem mais investe (em logística no país)", disse Bartolomeo. Ele afirmou que a decisão de continuar a investir busca evitar que no momento em que houver uma retomada da demanda por minério de ferro a empresa tenha limitações de capacidade para escoar a produção, como já ocorreu no passado. "Caso a condição de mercado mude (para melhor), podemos acelerar o desenvolvimento do programa (de investimentos)", afirmou.
A Vale prepara-se para começar, em outubro, as obras do pier quatro em Ponta da Madeira (MA), projeto que está em audiência pública e que quando estiver a plena carga terá capacidade de escoar 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A ampliação do terminal marítimo de Ponta da Madeira previa obras em terra e no mar. "Agora vamos avançar no projeto desde a terra (para o mar) porque ganhei mais tempo no planejamento. Esse é um exemplo de mudança de escopo que deixa o projeto mais barato", disse.
Bartolomeo negou que os ajustes signifiquem adiamentos nos projetos, uma vez que o início das principais obras foi mantido de acordo com o cronograma original. O que ocorreu foi que fases intermediárias dos projetos puderam ser reprogramadas em função da crise. O executivo afirmou que o primeiro novo berço para carregar navios de minério em Ponta da Madeira terá de estar pronto em 2012, mas o segundo berço poderá ser feito mais adiante. Os dois berços estarão ligados ao pier quatro.
Os investimentos em logística no sistema norte serão feitos independente do desenvolvimento de Serra Sul, em Carajás, o maior projeto novo ("greenfiled") da empresa e o maior do mundo em termos de produção de minério de ferro. "Teremos também Serra Norte e capacidades adicionais (de carga) vindas da Norte-Sul (a ferrovia Norte-Sul, que se liga à EFC) e de carga geral", disse Bartolomeo. Uma das grandes apostas da Vale é ampliar o escoamento de grãos, sobretudo soja, pelo corredor Norte-Sul-EFC-Ponta da Madeira. Segundo as projeções da empresa, o movimento de grãos poderá chegar a 8,8 milhões de toneladas em 2013.
Bartolomeo acrescentou que o sistema sul da Vale também está recebendo investimentos para ampliar a capacidade dentro dos US$ 11,4 bilhões previstos até 2013. Os investimentos incluem a instalação de novos carregadores de navios no porto de Tubarão, no Espírito Santo. O porto, que hoje tem capacidade de exportar 105 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, deve aumentar a capacidade para 120 milhões de toneladas/ano. A Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM), também controlada pela Vale, está aumentando sua capacidade de transporte em 20% graças à implantação de um novo sistema de sinalização.
Fonte: Valor Econômico, 29 de Abril de 2009
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