Nesta manhã a Vale do Rio Doce ameaçou romper a negociação da campanha salarial em curso, com os Sindicatos dos Trabalhadores de Congonhas e Itabira. O motivo, uma das coisas que dói mais em uma multinacional, a solidariedade internacional de classe.
Tendo em vista a greve dos mineiros do Canadá, da Vale Inco, das localidades de Sudburry, Port Colborne e Voisey´s Bay, filiados à USW (United Steelworkers) que já dura quase 4 meses, os dois sindicatos que compõem uma das 3 mesas de negociação com a empresa decidiram convidar a companheira Carolyn, representante da USW no Brasil para compor sua bancada de negociação. Dois motivos, expressar a solidariedade com o gesto da presença da companheira entregando um abaixo assinado com cerca de 700 assinaturas e também ter as informações internacionais sobre a empresa tão importantes para um processo de negociação. Afinal se a Vale hoje se transformou em uma das maiores multinacionais da mineração no mundo com operações em mais de 20 países nada mais justo que os trabalhadores também se articulem internacionalmente.
Em mais uma demonstração de sua política de desrespeito ao livre direito de organização dos trabalhadores a Vale ameaçou romper a negociação caso a companheira participasse da mesa. Essa pratica tem sido constante no trato da greve dos companheiros canadenses bem como nas relações sindicais em todo o mundo.
A preocupação da Vale tem motivo. A unidade vem sendo construída com a campanha em solidariedade aos mineiros da USW do Canadá.
Manifestações e atividades além do Canadá, no Brasil, Alemanha, Suécia, Nova Caledonia, Moçambique e outros países começaram a apontar a construção da unidade dos trabalhadores explorados pela Vale. Essas iniciativas levaram a Vale a suspender no último dia 21 de outubro, a atividade que teria na Bolsa de Nova York e, no dia 23, a atividade que teria na Bolsa de Londres.
Em visita ao Canadá entre os dias 20 e 25 de outubro o dirigente da Conlutas participou de várias atividades em Toronto e Goose Bay em nome da Conlutas e dos Sindicatos de Itabira e Congonhas.
A chantagem feita pela Vale do Rio Doce na negociação onde está apresentando a proposta de reajuste para os trabalhadores e sindicatos brasileiros não vai funcionar. A companheira Carolyn, em nome dos trabalhadores mineiros do Canadá, ao final da negociação deve entregar a carta dos sindicatos abaixo, bem como o abaixo assinado.
Além da possibilidade de vitória da greve dos companheiros canadenses que este gesto de hoje fortalece a Vale está com medo da unidade internacional que está sendo construída entre trabalhadores e também comunidades onde a ganância da Vale tem levado a desastres ambientais, degradação da natureza e desestruturação de comunidades em vários países.
Sem dúvida a postura da Vale não dividirá os trabalhadores, ao contrário, fortalecerá mais ainda a campanha e a perspectiva de unidade internacional.
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Carta entregue pelos Sindicatos Metabase de Itabira e Congonhas
Rio de Janeiro/Brasil, 4 de novembro de 2.009
A
Direção da
Cia. Vale do Rio Doce – VALE
Os Sindicatos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras da VALE no Brasil, abaixo assinados, e demais entidades signatárias, vem, por meio desta, solicitar a retomada imediata das negociações desta empresa com os trabalhadores da Vale Inco Canadá, dos locais 6500 (Sudburry), 6200 (Port Colborne) e 6480 (Voisey’s Bay).
Reafirmamos nossa posição de apoio incondicional à greve dos companheiros canadenses que já dura mais de 4 meses, em defesa de seus direitos e conquistas e condenamos a postura da Companhia de tentar retirar e rebaixar direitos e conquistas.
Sindicato METABASE Itabira/Minas Gerais
Sindicato METABASE Inconfidentes/Minas Gerais
Grupo União & Luta
Coordenação Nacional de Lutas – Conlutas/Brasil
Texto do Abaixo Assinado entregue a Vale com cerca de 700 assinaturas
Solidariedade aos trabalhadores e comunidades atacados e afetados pela Vale do Rio Doce
Nós, dirigentes e militantes sindicais e populares, vimos exigir a imediata retomada das negociações da Vale do Rio Doce com os trabalhadores canadenses dos Locais 6500 (Sudburry), 6200 (Port Colborne) e 6480 (Voise´s Bay) em greve desde o final de junho em defesa de seus direitos e salários.
A postura da Vale do Rio Doce de atacar os direitos dos trabalhadores mineiros canadenses é inaceitável. Mais uma vez a empresa anuncia lucros astronômicos que são garantidos pela exploração da mão de obra e degradação da natureza em todos os lugares onde a companhia atua, como no recente caso de vazamentos de óleo diesel e ácido sulfúrico ocorridos na Nova Caledônia.
Apoiamos incondicionalmente a luta dos trabalhadores canadenses em greve em defesa de seus direitos e exigimos a imediata retomada das negociações bem como a resistência dos trabalhadores e comunidades na Nova Caledônia em defesa de seus direitos, da natureza e das comunidades locais.
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