por Karol Assunçao
28 de Abril de 2010
De acordo com Karina Kato, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), o Dossiê, construído coletivamente pelos participantes do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, é apenas um primeiro passo para o fortalecimento da luta das comunidades que sofrem com as violações da empresa. "A ideia não era ser um produto final, e sim inicial, um ponto de partida", afirma.
Segundo ela, o envio do documento aos organismos internacionais foi uma forma encontrada para buscar "caminhos institucionais para expor as denúncias". A ideia também foi de "constranger a empresa a nível internacional" e de "desconstruir a imagem de companhia sustentável"."Desmatamento, deslocamento de populações, destruição de modelos tradicionais de subsistência, poluição atmosférica, intervenções em mananciais de abastecimento público, contaminação de cursos d'água são atividades que acompanham o percurso da Vale desde a exploração dos minérios, passando pela transformação e pelo transporte de seus produtos até os mercados finais", destacam no documento.
Atualmente a Vale atua em mais de 30 países. Desses, 13 estiveram presentes no Rio de Janeiro, no início deste mês, para o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, de onde saiu o Dossiê preliminar.
Assembleia
As ações dos grupos atingidos pela empresa não pararam na divulgação do Dossiê. Ontem (27), representantes do Movimento Internacional dos Atingidos pela Vale, participaram da Assembleia Geral dos Acionistas da Vale. Na ocasião, ainda distribuíram uma Carta aos presentes em que destacam o surgimento de novas denúncias de impactos e violações cometidos pela empresa.
"O Movimento Internacional dos Atingidos pela Vale surge em um cenário em que a opinião pública é cada vez mais influenciada pela preocupação ambiental e com os direitos humanos. Mais cedo ou mais tarde, as violações e exemplos de má conduta podem resultar em responsabilização judicial, multas e paralisações de trabalhadores, o que certamente será levado em consideração na análise do valor de mercado da empresa e de suas ações", ressaltaram na Carta.
Karina Kato, quem também esteve presente na reunião, acredita que esse será mais um espaço para pressionar a empresa em relação às atividades de responsabilidade social e ambiental. A economista considerou interessante o fato de parte dos acionistas demonstrarem preocupação com a questão da sustentabilidade ambiental.
Isso porque, de acordo com ela, em um determinado momento da Assembleia, um dos acionistas - vendo que a apresentação do diretor da empresa estava focada totalmente no viés mercadológico - perguntou onde estavam as ações de sustentabilidade da empresa. "Foi o momento que aproveitamos para colocar os riscos da empresa em relação ao valor de mercado se não realizar ações de sustentabilidade", afirma.
Mais informações em: http://atingidospelavale.wordpress.com/
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