Seminário internacional reúne representantes de populações prejudicadas por diferentes obras e atividades econômicas.
(Rio de Janeiro, 11 de Julho de 2009)
Durante dois dias, representantes de grupos populacionais afetados por empresas, obras e projetos desenvolvimentistas reuniram-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para apresentarem as suas experiências e identificarem pontos comuns de luta.
O evento, chamado de Seminário Internacional dos Atingidos, contou com mais de cento e vinte participantes, representando 46 organizações não-governamentais e movimentos sociais, vindos de dezoito Estados brasileiros, Argentina, Bolívia, Colômbia e El Salvador, além de observadores da Alemanha, Espanha e Itália.
Na abertura dos trabalhos, o professor Carlos Vainer (UFRJ) e Claudia Korol (da ONG argentina Pañuelos en Rebeldia) promoveram um debate sobre os grandes projetos de desenvolvimento e suas conseqüências sociais e ambientais para o Brasil e a América Latina.
Os participantes puderam ouvir relatos tocantes dos desabrigados pelas inundações de Santa Catarina e compará-los com os das vítimas dos rompimentos das barragens de Algodões (PI) e Cataguases (MG). Contrapuseram o depoimento dos pescadores que serão afetados pela construção das hidrelétricas no Rio Madeira (RO) com o dos ribeirinhos que foram desalojados pela usina de Tucuruí (PA). Os opositores da transposição do Rio São Francisco puderam juntar suas vozes às dos quilombolas do Vale do Ribeira (SP), ameaçados pela construção de barragens pelo grupo Votorantin, e às dos maranhenses críticos da Alcoa, indústria eletrointensiva de alumínio. Trabalhadores da mineração em Serra Pelada (PA) e em São Brás (MG) compararam suas histórias de vida
“A importância deste encontro está na reunião de gente muito diferente, de várias partes do país e que foi de alguma maneira prejudicada pela agroindústria, por projetos energéticos ou pela mineração, por exemplo. É uma grande oportunidade para juntarmos nossos esforços, pois sozinhos não chegaremos a lugar nenhum”, destacou Rafael Ribeiro, da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica, grupo que tem historicamente lutado contra as usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ)
“Ao estudarmos o caso da indústria nuclear brasileira, encontramos a contaminação de trabalhadores nas usinas Angra I e II, das águas na mineração de urânio em Caetité (BA), do solo no depósito de lixo radioativo em Interlagos (SP). Não podemos nos esquecer dos 6.500 brasileiros oficialmente reconhecidos como vítimas do acidente radioativo de Goiânia”, acrescentou Ribeiro.
A programação do seminário incorporou também o lançamento do documentário “O canto de Acauã”, que relata os problemas enfrentados pelas comunidades ribeirinhas depois da construção da Barragem de Acauã (PB), e a exibição comentada de “O pesadelo é azul”, vídeo que testemunha as consequências do acidente com o Césio-137 na capital goiana em 1987.
Para sua conclusão, o evento promoveu um debate sobre a política de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), considerado um importante indutor de projetos que atingem negativamente populações tradicionais, comunidades ribeirinhas, grupos indígenas e seus meios ambientes. Os participantes reuniram-se, então, para desenhar estratégias de ação frente à atuação de governos e de seu “namoro” com setores empresariais altamente impactantes, tanto social quanto ambientalmente, como a pecuária, os monocultivos de soja e cana de açúcar, o setor de papel e celulose, a mineração, a siderurgia e a geração e transmissão de energia elétrica.
“Numa análise mais ampla, todos podemos ser considerados como ‘atingidos’ pela voracidade dessas políticas públicas, obras e atividades econômicas, já que somos nós cidadãos, consumidores, eleitores e contribuintes que acabamos por financiá-las com nossos hábitos de consumo, nossos votos e nossos impostos”, comentou Sérgio Dialetachi, consultor da Fundação Heinrich Boell.
O seminário, organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), contou com o apoio da Fundação Heinrich Boell e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Para maiores informações:
Movimento dos Atingidos por Barragens – Alexania (11) 3392.2660
Fundação Heinrich Boell - Sabrina Petry (21) 3221.9900
(Rio de Janeiro, 11 de Julho de 2009)
Durante dois dias, representantes de grupos populacionais afetados por empresas, obras e projetos desenvolvimentistas reuniram-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para apresentarem as suas experiências e identificarem pontos comuns de luta.
O evento, chamado de Seminário Internacional dos Atingidos, contou com mais de cento e vinte participantes, representando 46 organizações não-governamentais e movimentos sociais, vindos de dezoito Estados brasileiros, Argentina, Bolívia, Colômbia e El Salvador, além de observadores da Alemanha, Espanha e Itália.
Na abertura dos trabalhos, o professor Carlos Vainer (UFRJ) e Claudia Korol (da ONG argentina Pañuelos en Rebeldia) promoveram um debate sobre os grandes projetos de desenvolvimento e suas conseqüências sociais e ambientais para o Brasil e a América Latina.
Os participantes puderam ouvir relatos tocantes dos desabrigados pelas inundações de Santa Catarina e compará-los com os das vítimas dos rompimentos das barragens de Algodões (PI) e Cataguases (MG). Contrapuseram o depoimento dos pescadores que serão afetados pela construção das hidrelétricas no Rio Madeira (RO) com o dos ribeirinhos que foram desalojados pela usina de Tucuruí (PA). Os opositores da transposição do Rio São Francisco puderam juntar suas vozes às dos quilombolas do Vale do Ribeira (SP), ameaçados pela construção de barragens pelo grupo Votorantin, e às dos maranhenses críticos da Alcoa, indústria eletrointensiva de alumínio. Trabalhadores da mineração em Serra Pelada (PA) e em São Brás (MG) compararam suas histórias de vida
“A importância deste encontro está na reunião de gente muito diferente, de várias partes do país e que foi de alguma maneira prejudicada pela agroindústria, por projetos energéticos ou pela mineração, por exemplo. É uma grande oportunidade para juntarmos nossos esforços, pois sozinhos não chegaremos a lugar nenhum”, destacou Rafael Ribeiro, da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica, grupo que tem historicamente lutado contra as usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ)
“Ao estudarmos o caso da indústria nuclear brasileira, encontramos a contaminação de trabalhadores nas usinas Angra I e II, das águas na mineração de urânio em Caetité (BA), do solo no depósito de lixo radioativo em Interlagos (SP). Não podemos nos esquecer dos 6.500 brasileiros oficialmente reconhecidos como vítimas do acidente radioativo de Goiânia”, acrescentou Ribeiro.
A programação do seminário incorporou também o lançamento do documentário “O canto de Acauã”, que relata os problemas enfrentados pelas comunidades ribeirinhas depois da construção da Barragem de Acauã (PB), e a exibição comentada de “O pesadelo é azul”, vídeo que testemunha as consequências do acidente com o Césio-137 na capital goiana em 1987.
Para sua conclusão, o evento promoveu um debate sobre a política de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), considerado um importante indutor de projetos que atingem negativamente populações tradicionais, comunidades ribeirinhas, grupos indígenas e seus meios ambientes. Os participantes reuniram-se, então, para desenhar estratégias de ação frente à atuação de governos e de seu “namoro” com setores empresariais altamente impactantes, tanto social quanto ambientalmente, como a pecuária, os monocultivos de soja e cana de açúcar, o setor de papel e celulose, a mineração, a siderurgia e a geração e transmissão de energia elétrica.
“Numa análise mais ampla, todos podemos ser considerados como ‘atingidos’ pela voracidade dessas políticas públicas, obras e atividades econômicas, já que somos nós cidadãos, consumidores, eleitores e contribuintes que acabamos por financiá-las com nossos hábitos de consumo, nossos votos e nossos impostos”, comentou Sérgio Dialetachi, consultor da Fundação Heinrich Boell.
O seminário, organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), contou com o apoio da Fundação Heinrich Boell e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Para maiores informações:
Movimento dos Atingidos por Barragens – Alexania (11) 3392.2660
Fundação Heinrich Boell - Sabrina Petry (21) 3221.9900
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