Wednesday, 27 October 2010

Vale tem lucro trimestral recorde de R$ 10,6 bi, alta de 253% sobre 2009


CIRILO JUNIOR, DO RIO
DE SÃO PAULO

Folha Online

27 de outubro de 2010


A mineradora Vale informou nesta quarta-feira que registrou um lucro líquido recorde de R$ 10,554 bilhões no terceiro trimestre de 2010, equivalente a R$ 1,97 por ação diluído, 59,1% acima dos R$ 6,6 bilhões no segundo trimestre.

O resultado é 253,4% superior ao registrado em igual período de 2009, quando ficou em R$ 2,987 bilhões. A cifra também supera as expectativas do mercado financeiro: analistas esperavam um lucro em torno dos R$ 10,35 bilhões.

"Este desempenho resultou da forte demanda por minerais e metais e dos nossos esforços para aumentar a produção, mantendo os custos
operacionais sob controle", informou a empresa em relatório ao mercado.

Segundo a empresa, o resultado líquido trimestral foi o mais elevado na história da Vale, 33,5% maior que o último recorde, no segundo trimestre de 2008, de R$ 7,906 bilhões. A mineradora registrou outros recordes no trimestres, como na receita operacional, margens e geração de caixa,

No acumulado de janeiro a setembro, a Vale obteve lucro líquido de R$ 20,068 bilhões, 208,4% acima dos R$ R$ 7,6 bilhões verificados em igual período em 2009, quando os efeitos da crise abaçaram a mineradora.

"EXCEPCIONAL"

A Vale classificou o resultado como "excepcional" em seu relatório de desempenho. A mineradora afirma que há motivos sólidos para se esperar maior ritmo do crescimento global na primeira metade do ano que vem.

A desvalorização do dólar frente ao real, segundo a companhia, produz efeitos positivos e negativos no desempenho.

"Por um lado, contribuem para elevar nossos custos operacionais e de investimento, majoritariamente denominadas em outras moedas. Por outro lado, o dólar norte-americano mais fraco e as baixas taxas de juros contribuem para a redução de nosso custo de capital", informa o relatório.

A companhia registrou ainda geração de caixa recorde, de R$ 15,8 bilhões no terceiro trimestre. O valor é 532,6% superior ao que fora obtido de julho a setembro do ano passado.

Excluídas aquisições, a Vale investiu US$ 3,081 bilhões no terceiro trimestre. Nos nove primeiros meses do ano, acumulam US$ 7,6 bilhões, 27,7% acima do que o constatado em igual período em 2009.

PRODUÇÃO

A Vale já havia reportado que sua produção de minério de ferro atingiu a marca de 82,614 milhões de toneladas no terceiro trimestre, o que representa um acréscimo de 23,7% na comparação com idêntico período no ano passado. Em relação ao segundo trimestre, o aumento foi de 8,9%. Trata-se do melhor desempenho da companhia desde o recorde registrado no terceiro trimestre de 2008.

Ainda conforme a empresa mineradora, a produção em Carajás foi histórica: 27 milhões de toneladas no terceiro trimestre, uma expansão de 17,7% sobre o mesmo período no ano passado.

No acumulado de nove meses, a produção total foi de 227,53 milhões de toneladas, em um incremento de 30,4% sobre o montante contabilizado no período de janeiro a setembro de 2009.

COMANDO

Ontem a mineradora informou que uma possível troca no comando da empresa "jamais foi tratada" pelos acionistas controladores.

"As especulações na imprensa, que atribuem a 'fontes do Conselho de Administração' informações neste sentido, não retratam a posição dos acionistas controladores da empresa", informou a mineradora em comunicado.

Fontes da empresa consultadas pela Reuters já haviam descartado a substituição do presidente da Vale, Roger Agnelli. As especulações sobre uma possível saída de Agnelli do comando da maior produtora mundial de minério de ferro ganharam força após o próprio executivo declarar na Zâmbia, onde foi inaugurar um projeto de cobre em meados de outubro, que membros do partido do governo estariam de olho em cargos na empresa.

Agnelli está no comando da Vale desde 2001 e enfrentou conflitos com o governo durante a crise econômica entre 2008 e 2009, por causa de demissões efetuadas pela companhia. O governo cobra da empresa investimentos em siderúrgicas para agregar valor ao minério de ferro.

A Vale é controlada pela Valepar, empresa composta pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que detém 49% do controle; Bradespar, com 21,21%; Mitsui, com 18,24%, e BNDESPar, com 11,51%. O fundo de pensão Eletron tem 0,03% das ações.

Tuesday, 26 October 2010

Notícias da Vale em Moçambique

Termina reassentamento de famílias abrangidas pelo projecto

Fonte: O País
Sexta, 22 de Outubro de 2010


Carvão de Moatize

Terminou, no distrito de Moatize, em Tete, o reassentamento das cerca de mil famílias abrangidas pela área concessionada ao Projecto do Carvão de Moatize, da Vale Moçambique.

O referido processo de transferência das famílias das zonas de origem para as de reassentamento de Kateme durou perto de um ano.

De acordo com o gerente de Comunicação e Desenvolvimento Social daquela empresa do ramo mineiro, o processo decorreu dentro do cronograma do projecto.

Adriano Ramos disse que o passo a seguir será a criação de uma equipa multitarefas constituída de técnicos agrários, ambientalistas, saúde, educação, psicólogos, entre outros, que terá como principal actividade monitorar a nova realidade daquelas famílias.

Para já, estão em curso actividades de assistência alimentar e agrícola, sendo que, nesta componente, cada família beneficiou de um hectare para a produção de alimentos.

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Vale vai investir 1 bilião de dólares no Corredor do Norte

Fonte: O País
Quarta, 20 de Outubro de 2010

Maior parte servirá para construção de ferrovia no Malawi


Com os olhos no Corredor de Desenvolvimento do Norte, a mineradora brasileira pretende criar uma grande plataforma logística para garantir o escoamento de toda a sua produção.

A mineradora brasileira Vale, que está a desenvolver um projecto de exploração de carvão na província de Tete, planeia investir, pelo menos, cerca de um bilião de dólares no Corredor de Desenvolvimento do Norte, segundo noticia no seu “site”.

A maior parte deste montante será destinada à construção de um troço ferroviário de cerca de 300 km no território do Malawi. A intervenção vai permitir ligar o importante porto de Nacala, em Moçambique, à Zâmbia, onde a Vale tem interesses na exploração de recursos minerais.

Esta semana, o presidente da mineradora, Roger Agnelli, dirigiu a cerimónia de lançamento da pedra principal de um novo projecto de cobre naquele país. O mesmo receberá investimentos de 400 milhões de dólares da Vale e da sua sócia, a sul-africana ARM, nos próximos dois anos.

Com os olhos no Corredor de Desenvolvimento do Norte, a mineradora brasileira pretende criar uma grande plataforma logística para garantir o escoamento de toda a sua produção, incluindo a que vai extrair da mina de Tete.

O projecto terá capacidade de produção de 11 milhões de toneladas de carvão bruto, sendo 8,5 milhões de carvão metalúrgico e 2,5 de carvão térmico. As máquinas da unidade industrial em construção começam a roncar em 2011, prevendo-se que, até lá, sejam investidos 1 322 milhões de dólares.

*Nacala XXI*

A brasileira tem um acordo com o governo moçambicano e a empresa privada Insitec para desenvolver o projecto Nacala XXI, ao abrigo do qual estão programados investimentos na ordem de 1,6 bilião para a modernização das infra-estruturas e a construção de um porto de raiz.

A posição da Vale em relação ao norte de Moçambique justifica-se pelo facto do porto da Beira e a respectiva linha férrea de Sena, em Sofala, no centro do país, terem capacidades limitadas, prevendo-se que a médio prazo não possam movimentar mais carga.

A empresa vai utilizar as infra-estruturas do centro do país durante a primeira fase do seu projecto, mas a movimentação de quantidades superiores depende da abertura de uma nova via. O porto de Nacala localiza-se no extremo sul da baía de Bengo. Devido à profundidade das suas águas, apresenta condições excepcionais de navegabilidade, o que permite a entrada
e saída de navios sem limitação de calado. Nacala funciona 24 horas por dia e não necessita de dragagem, características que lhe conferem a classificação de maior porto natural de águas profundas da costa oriental de África.

Em 2009, a Vale injectou 302 milhões de dólares e projecta aplicar 595 milhões de dólares este ano nas minas de Moatize, num investimento total de 1.3 bilião de dólares.

Inquiry to start into 15-month strike at Labrador nickel mine


Published Sunday October 24th, 2010
THE CANADIAN PRESS


ST. JOHN'S, N.L. - The Newfoundland government will go ahead with an industrial inquiry into the 15-month strike at the Voisey's Bay nickel mine in Labrador.

Talks between the United Steelworkers and the mine's owner, Vale Newfoundland and Labrador Ltd., ended without agreement Friday despite a last-minute bid to end the stalemate by Premier Danny Williams.

Williams had imposed a deadline on the two sides to resolve the dispute, saying he would go ahead with the inquiry if a deal wasn't reached by last Friday.

Human Resources Minister Susan Sullivan says she's dismayed that the government has to intervene.

She says the government has given a three-member commission broad terms of reference to investigate the dispute.

Thursday, 21 October 2010

Nosso Chile em Carajás


Por Lúcio Flávio Pinto, 20/10/2010

O maior avião cargueiro do mundo, o russo Ilyushin, pousou pela primeira vez no aeroporto de Belém, em 2007. Fretado pela antiga Companhia Vale do Rio Doce, transportava dezenas de pneus para caminhões Haulpak, conhecidos como “fora-de-estrada”, que estavam em falta no mercado internacional.

Essas máquinas são usadas pela empresa em Carajás, que é a maior província mineral do mundo, no sul do Pará. Com capacidade para 240 toneladas e com 13 metros de altura (equivalente a um prédio de quatro andares), o “fora-de-estrada” é o maior de todos os caminhões. Um deles, na madrugada do dia 28 de julho de 2007, passou sobre o corpo do auxiliar de serviços gerais Thiago Santos Cardozo, de 20 anos, morador de Marabá.

Entre três e quatro horas da madrugada, Thiago segurava um cabo elétrico, que transferia energia de um gerador para a área de operação de uma gigantesca escavadeira. Thiago não tinha lanterna nem rádio de comunicação, e a visibilidade era deficiente por falta de iluminação adequada.

A operação foi considerada, pelos fiscais do Ministério Público do Trabalho, “prática bastante arriscada e insegura”. Na perícia, eles estranharam que essa fosse a única atividade “não exercida por trabalhador” contratado diretamente pela Vale, “apesar da relação direta com o processo produtivo”. Embora de maior risco, foi transferida para um trabalhador terceirizado, muito jovem e provavelmente inexperiente.

Ao dar ré no caminhão, o operador não percebeu a presença de Thiago no local, onde ele não devia estar, e o esmagou. Só soube do acidente quando o motorista de uma pick-up, que estava no pátio de manobras, o avisou por rádio. Do alto da cabine da máquina, a visibilidade traseira é nenhuma. O operador manobra às cegas, sem contar sequer com câmeras ou iluminação própria do veículo. No registro policial, a morte foi classificada de “triste fatalidade”.

Foi o acidente de maior impacto em Carajás em 2007. Mas não o único. No ano anterior, José Pimentel Silva foi soterrado por 4,6 mil toneladas de minério de ferro. Ele estava dentro de um pequeno automóvel que dava manutenção para uma escavadeira quando um talude, 13 metros acima, desmoronou, menos de meia hora depois que um enorme trator de esteira D-11 começou a funcionar naquele ponto. A trepidação era intensa porque outras máquinas pesadas circulavam pelo mesmo local.

O risco de desmoronamento não constava do Plano de Prevenção de Riscos Ambientais elaborado pela Vale, que é obrigatório por lei. Apesar de tantas máquinas pesadas, não havia na área sinalização ou equipamentos de proteção coletiva. Mesmo assim a empresa, a segunda maior mineradora do mundo e a maior corporação privada do continente sul-americano, foi poupada de pagar a indenização de R$ 91,6 mil, a que a Justiça do Trabalho de Parauapebas a condenou. A instância superior reformou a sentença. Alegou que o espólio de José Pimentel não poderia reclamar dano moral por empregado morto, que ganhava R$ 305 por mês.

Naquele momento, 20 mil pessoas trabalhavam nas minas de Carajás, mas só 10% deles eram empregados da Vale. A empresa utilizava os serviços de 170 empreiteiros, terceirizando assim 90% da mão de obra. Nos 18 meses anteriores, a vara única da Justiça do Trabalho recebeu oito mil reclamações, obrigando o tribunal a criar uma segunda vara. As duas são as mais congestionadas do país.

Apesar de alguns ajustes, impostos pela fiscalização do governo, a Vale mantém um alto índice de terceirização, mesmo quando os contratados atuam em atividades-fim, que a empresa devia executar diretamente. É assim que pode apregoar índice zero de acidentes. Os que ocorrem são da responsabilidade dos empreiteiros.

Também porque as notícias ruins raramente escapam ao controle da empresa, notável por sua capacidade de fazer propaganda e relações públicas. Nem mesmo os paraenses se dão conta de que o estado já é o segundo maior minerador do país, com várias minas, onde trabalham algumas dezenas de milhares de trabalhadores.

Eles integravam o público estimado em um bilhão de pessoas em todo mundo, que acompanharam o resgate de 33 mineiros na mina de San José, no deserto de Atacama, no Chile. Mas certamente não como alguns milhares de pessoas, que fizeram esse acompanhamento com mais atenção aos detalhes. Além de estarem interessadas na sorte dos trabalhadores, que ficaram presos numa das galerias, a 700 metros de profundidade, essa pessoas tentavam aproveitar as lições da situação para usá-las em causa própria.

Foi o caso dos chineses. A cada ano, entre dois mil e três mil mineradores morrem nas lavras subterrâneas, não de cobre, como no Chile, maior produtor mundial do minério, mas de carvão mineral, que mantém em funcionamento as termelétricas, das quais saem 80% da energia consumida por 1,3 bilhão de habitantes da nação mais populosa da Terra. É muito mais do que a média de 30 a 50 mortes anuais que acontecem no Chile, na busca pelo cobre, produto responsável por 60% do comércio exterior do país. Dias depois, o mesmo número de mineiros salvos no Chile morreu soterrado na China, por vazamento de gás.

A conclusão geral é de que são precárias as condições de segurança nessa importante atividade econômica. O Chile nem assinou a convenção internacional da OIT sobre saúde e segurança na mineração. Por sorte, o acidente aconteceu numa grande mina organizada. Se fosse em alguma das minas informais, que funcionam à margem das mais elementares regras de operação, o final dificilmente seria feliz.

Mesmo o sucesso do salvamento dos mineiros de San José não conseguiu esconder a escandalosa precariedade do trabalho em minas. Um dos mineiros resgatados, mal saiu do buraco, fez a cobrança – direta e firme – ao presidente Sebastian Piñera, que o esperava com ares de salvador.

O episódio também podia ser observado com proveito no Pará, que já tem sete grandes minas em funcionamento, lavrando ferro, bauxita, manganês, cobre e níquel, todos produtos de exportação. Só que as minas paraenses apresentam diferença substancial em relação ao que ocorreu no Chile: são jazidas tão ricas à superfície que permitem a lavra a céu aberto, sem a necessidade de aprofundar a extração.

Os acidentes que ocorrem são escandalosos porque, na maioria dos casos, podiam ser evitados, com mais respeito e atenção às condições de trabalho. O que impressiona são as máquinas gigantescas, operadas com facilidade por trabalhadores bem treinados, graças aos recursos tecnológicos de que dispõem. Como esses equipamentos representam um alto investimento de capital e tecnologia, seus proprietários têm que resguardá-los através da melhor capacitação dos operadores. E de controle e supervisão superpostos.

Diante de tanta tecnologia, a frequência dos acidentes deve-se mais à negligência dos responsáveis pela programação das atividades e à excessiva – quando não indevida – terceirização e ao desrespeito aos direitos trabalhistas. Por isso, as duas juntas do trabalho de Parauapebas são das mais congestionadas do país.

A Companhia Vale do Rio Doce privatizada conseguiu mudar a relação que havia entre funcionários da estatal e os empregados das terceirizados: a posição destacada dos primeiros era cobiçada pelos segundos, cuja maior ambição era se tornarem contratados da CVRD.

Hoje, há empregados de nível inferior da Vale querendo passar para as empreiteiras, onde podem ganhar melhor, a despeito da insegurança na continuidade no emprego, pelo intenso turn-over (mal traduzindo, revezamento compulsório, imposto pelos interesses do patrão), pelo fato de que a demissão em juízo sai mais barato do que o respeito aos direitos trabalhistas desde o início e porque também é precária a estabilidade na principal firma contratante, a própria Vale.

Enquanto isso, a ex-estatal bate seguidos recordes de lucratividade, investimento e distribuição de resultados, tornando-se uma das empresas que mais distribui dividendos, favorecendo os detentores de ações preferenciais (eles não participam das decisões, mas são os primeiros a receber sua cota nos enormes lucros).

Parte dessa rentabilidade deve-se à eficiência da corporação, mas três fatores são fundamentais: a riqueza excepcional do minério de ferro de Carajás, o fato de ele estar localizado nas camadas mais superficiais do subsolo (possibilitando a lavra a céu aberto) e o crescimento exponencial do consumo da China (que também provocou a alta recorde dos preços do cobre, desencadeando uma corrida perigosa a todos os depósitos identificados no Chile, com sacrifício das condições de trabalho e de segurança).

Os paraenses são donos dos dois primeiros fatores, mas não são remunerados por essa condição na mesma medida em que os acionistas da Vale. Com um ônus tributário que equivale, hoje, a menos da metade da incidência de 1997, quando a estatal foi vendida, e uma compensação financeira irrisória, o Pará, de olho nas cenas emocionantes do resgate dos mineiros chilenos, podia tomá-lo como inspiração para cobrar seus direitos sobre o patrimônio tão valioso que são as suas minas. Antes que entre em operação a primeira em profundidade. Exatamente para extrair o cobre, como o Chile faz há muitas décadas. E enquanto as commodities vivem seu ciclo de alta.

Projetado originalmente para operar com até 25 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, Carajás já atingiu 100 milhões de toneladas e em 2015 chegará a 230 milhões, mais da metade de toda produção nacional, que será recorde.

Diariamente, em nove viagens, o trem de Carajás, o maior trem de carga do mundo, com 330 vagões e quatro quilômetros de comprimento (logo terá mais 70 vagões), coloca 250 mil toneladas no porto da Ponta da Madeira, na ilha de São Luís, no litoral do Maranhão. Daí, o mais puro minério de ferro do mercado (com o dobro de hematita do minério australiano, seu mais próximo concorrente) segue para o mundo; 60% dele rumo à China e 20% para o Japão, os maiores compradores, a 20 mil quilômetros de distância.

Para que haja essa quantidade de minério em condições de embarque, máquinas e homens, em turnos sucessivos de trabalho, que se estendem sem intervalos pelo dia inteiro, movimentam um milhão de toneladas de terra e rocha todos os dias. A pressão gera tensão, que impõe sacrifícios aos trabalhadores e dá causa aos acidentes. Provavelmente eles são muito mais numerosos do que os registrados pela companhia e apontados pelo governo. A tragédia do Chile parece mais próxima do que os anônimos acidentes de Carajás.

Monday, 18 October 2010

Vale projeta investimento de mais de US$ 26 bilhões em dois anos


Fonte: Valor Online
18 de outubro de 2010


SÃO PAULO - Nos próximos dois anos, a Vale investirá entre US$ 26 bilhões e US$ 28 bilhões para finalizar seus projetos de expansão. A previsão foi anunciada nesta segunda-feira pelo presidente da empresa, Roger Agnelli, durante o 8º Vale Day, na Bolsa de valores de Nova York, nos Estados Unidos.

- Queremos terminar os projetos e dobrar numero de novos projetos. Fertilizantes e cobre são prioridades - comentou Agnelli durante a apresentação, que marca dez anos da oferta de ações da Vale no mercado americano.

Segundo o executivo, o plano de investimentos da empresa será detalhado nas próximas duas semanas, mas a companhia iniciou sete projetos este ano e possui mais seis engatilhados para 2011.

Agnelli evita comentar saída da Vale após sucessão presidencial

Roger Agnelli evitou comentar rumores sobre uma possível saída do comando da empresa, após a sucessão presidencial ou a respeito de divergências com a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

- (Eu e Dilma) temos um relacionamento muito bom. Temos o mesmo objetivo, que é o crescimento da companhia e lucratividade. A empresa não é uma companhia política, suportamos a inovação, tecnologia (...). O que temos de fazer é continuar trabalhando - complementou.

Questionado mais de uma vez pela imprensa sobre o tema, Agnelli afirmou que uma mudança poderia ser "natural".

- Se os acionistas quiserem mudar, é o trabalho deles tomar esta decisão. Faz parte da democracia e é um ótimo exercício - respondeu.



Vale produz 82,6 mi de toneladas de minério de ferro no 3º trimestre

A produção de minério de ferro da Vale alcançou 82,6 milhões de toneladas métricas no terceiro trimestre do ano, melhor resultado desde o terceiro trimestre de 2008, quando a companhia marcou o recorde de 85,8 milhões de toneladas métricas produzidas. De acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira pela mineradora, nos primeiros noves meses do ano, a Vale acumula produção de 227,5 milhões de toneladas métricas do produto, o que representa um crescimento de 30,4% ante o mesmo intervalo do ano passado.

A Vale atribui seu desempenho operacional ao aumento contínuo da produção da maioria de seus produtos e dos recordes na produção de pelotas, de 13,6 milhões de toneladas entre julho e setembro. No acumulado do ano até setembro, são 36,8 milhões de toneladas de pelotas. Isso corresponde a uma alta de 143,5% sobre o mesmo período de 2009.

No trimestre, as produções de carvão e bauxita também foram recordes, atingindo 1,9 milhão de toneladas métricas e 3,8 milhões de toneladas métricas, respectivamente.

De acordo com a companhia, a crescente demanda global por minerais, metais e fertilizantes é outro fator que está contribuindo para fortalecer seu desempenho financeiro. Nos primeiros sete meses do ano, a Vale entregou três projetos (Carajás Adicional 20Mtpa, Bayóvar e TK CSA) e outros três devem ser concluídos entre outubro e dezembro: Onça Puma, Três Valles e Omã. A previsão é de que as operações canadenses de níquel alcancem plena capacidade neste mês.

A Vale também destacou o desempenho do setor de fertilizantes. Em operação desde julho, a mina de rocha fosfática Bayóvar, localizada no Peru, produziu 209 mil toneladas no trimestre terminado em setembro.

Ásia responderá por 80% da receita da Vale em cinco anos

Fonte: Valor Online
18 de outubro de 2010

SÃO PAULO - Nos próximos cinco anos, a participação do mercado asiático na receita da Vale crescerá dos atuais 51% para 80%, informou o presidente da companhia Roger Agnelli, durante o 10º Vale Day, que marcou dez anos de oferta das ações da Vale na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.

- A China não é uma bolha. É uma realidade - disse Agnelli na apresentação da empresa, exaltando o potencial do mercado asiático para a mineradora. - O pêndulo do crescimento está do lado do mundo oriental. Temos de estar com eles e ajudá-los a crescer (...) e 'rezar' por eles - disse o executivo.

A China, ao lado do Canadá, está entre os países nos quais a Vale possui "boas reservas de cobre", comentou Agnelli ao mencionar o cobre como uma das prioridades da Vale para 2011.

- Eu adoro cobre. Onde houver cobre estaremos lá - disse. De acordo com o executivo, a Vale tem a meta de atingir a produção de 1 milhão toneladas de cobre em 2015.

Depois da Ásia, a África foi considerada "a nova fronteira" para a Vale, na avaliação do diretor executivo de finanças e relações com investidores, Guilherme Cavalcanti.

- Agora começaremos a sentir a nova realidade na África e na América do Sul - disse o executivo destacando projetos de exploração de cobre e desenvolvimento de comunidades locais em Simandou, na Guiné, em Moçambique e na Zâmbia. - Não é só uma questão de dinheiro, mas de comprometimento com as comunidades - frisou Agnelli.

Sunday, 17 October 2010

Vale prepara maior expansão da história em Carajás

Fonte: Portal Stylo

http://www.jornalstylo.com.br/images/noticia/20100726115049_8rybn4gfjrz6mdt9a0rffxanc.jpg?KeepThis=true

Com produção de 240 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, a Vale é a maior do mundo no setor. Nos próximos anos, a empresa deve se isolar ainda mais na liderança. A empresa está em fase de licenciamento de uma nova mina de ferro.

Batizada de S11D, ela é a considerada a maior da história da Vale. Quando estiver em operação, em 2013, vai despejar 90 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano no mercado, mais de um terço da produção de minério de ferro da Vale no ano passado e a mesma capacidade da maior mina a céu aberto do mundo, instalada na Serra dos Carajás, no Pará.

Para tirar o negócio do papel, a mineradora vai gastar US$ 11,3 bilhões (R$ 19,9 bilhões), o dobro de seu lucro em 2009. O alto investimento tem explicação: relatório divulgado na semana passada mostra que, nos próximos cinco anos, o consumo mundial de minério de ferro deve atingir 1,7 bilhão de toneladas ao ano, aumento de 70% em relação a 2010.

Produzido pela Global Industry Analysts (GIA), o estudo mostra que o aumento no consumo de minério de ferro é puxado pelo crescimento da economia de países emergentes, em especial a China. Entre os setores que mais usam minério de ferro estão o automotivo e a construção civil.

No primeiro semestre deste ano, os chineses compraram 1,8 milhão de automóveis novos, ou quase 60% das vendas de carro no Brasil no ano passado, quando o mercado bateu recorde por causa da redução de impostos. Já no setor imobiliário, o governo chinês estabeleceu como meta para 2010 a construção de três milhões de apartamentos populares. É um número 50% maior do que o previsto na segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

A Vale ainda não revela detalhes da nova mina. Sabe-se que ela está localizada em Canaã dos Carajás, cidade de 23 mil habitantes no sudeste do Pará, e que terá quase a mesma capacidade de produção da mina da Vale no Complexo de Carajás. Descoberta em 1967 e inaugurada em 1985, ela foi concebida para produzir 35 milhões de toneladas ao ano.

Com o crescimento da economia brasileira e os efeitos positivos da globalização, a empresa teve que fazer adaptações na linha de produção para atender à demanda do mercado. As mudanças surtiram efeito. Até o final do ano, a expectativa é de que a produção atinja algo em torno de 110 milhões de toneladas anuais.

Cerca de um terço das 240 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas pela Vale no ano passado saíram das minas instaladas na Serra dos Carajás. Isso faz com que o produto seja o mais importante do portfólio da empresa. Em 2009, as vendas de R$ 25,2 bilhões de minério de ferro responderam por pouco mais da metade da receita operacional da Vale.

O fato de ser a maior produtora de minério de ferro do mundo ajudou a empresa a ficar no segundo lugar entre as companhias que mais lucraram no ano passado. Com lucro de US$ 5,5 bilhões, a Vale ficou atrás apenas da Petrobras.

A S11D está em fase de licenciamento e de cotação de equipamentos e serviços. Do total de US$ 11,3 bilhões que serão investidos no projeto S11D, mais da metade será usada para aumentar a infraestrutura e a logística.

A ferrovia de Carajás, usada para transportar o minério até os portos, vai ganhar mais 100 quilômetros de extensão, até Canaã dos Carajás, onde será instalada a nova mina. Já a estrada de ferro atual, que liga Parauapebas a São Luis, no Maranhão, terá 605 dos 892 quilômetros de trilhos duplicados.

Ao mesmo tempo, o Terminal Marítimo de Ponta de Madeira, onde acontece o transbordo do minério de ferro nos navios que levam o produto para o exterior, vai ganhar mais um píer. Até 2015, a capacidade de embarque vai aumentar para 230 milhões de toneladas ao ano, quase o dobro da capacidade atual.

Tuesday, 5 October 2010

Canada's $1B loan to Vale criticized

A union and a taxpayers group Monday both criticized a federal loan to Brazilian mining giant Vale Inc.

Source: CBC News

The Export Development Corporation, a Crown corporation that provides financial support for Canadian exports, said it is creating a line of credit to help Vale with expansion in Canada and to encourage the firm to expand its use of Canadian suppliers.

Miners at the Voisey's Bay nickel mine in northern Labrador have been on strike against Vale since August 2009.Miners at the Voisey's Bay nickel mine in northern Labrador have been on strike against Vale since August 2009. (CBC)

The Canadian Taxpayers Federation called for the federal government to scrap the loan and the United Steelworkers described the assistance as an insult to workers.

The loan will include $250 million US for capital projects at the Long Harbor processing plant in Newfoundland and Labrador. Another $250 million will be available for several projects in Ontario.

The loan is also intended to generate opportunities for Canadian firms by rewarding Vale for using domestic suppliers.

The remaining $500 million, the EDC said in a news release, will be available for future purchase of Canadian goods and services by Vale for its operations outside Canada, or to support Vale exports involving signed contracts with Canadian suppliers.

But Kevin Gaudet, the federal director of the taxpayers federation, said that while the loans will help the company, they won't do much for Canadian workers.

"If corporate welfare worked at creating jobs, every Canadian would have two by now," he said in a news release. "This loan should be scrapped and fast.

"Why are Canadian taxpayers lending precious money to a firm that says it already has so much excess cash?"

On Sept. 23, 2010, Vale announced a $2-billion US share buy-back program.

The federation said Ottawa should provide more details about the terms of the loan, including Vale's intended schedule for borrowing money, at what interest rate and whether there are conditions under which the company wouldn't have to repay some of the money.

The firm's operations in Canada have been marked by labour disputes since its $19.4-billion takeover of Inco's nickel mines in 2006.

Union calls loan 'unacceptable'

"It is unacceptable that the federal government, after 16 months of sitting on the sidelines and making unhelpful comments while Canadian communities are ravaged by Vale, is now offering this massively profitable multinational $1 billion in financing," said Ken Neumann, the Steelworkers' national director for Canada.

"It is an insult to the workers in Labrador and to Canadians who think the government should stand up for working families."

The same day as EDC's announcement, Vale and the union for 130 striking members of United Steelworkers Local 9508 in Labrador broke off talks. The workers have been on strike over wages, benefits and seniority since Aug. 1, 2009.

Workers at the former Inco mine in Sudbury, Ont., ended a year-long strike in August.

The Sudbury strike was a bitter one, with the union accusing Vale of bad-faith bargaining over wage bonuses, job transfers, contracting out and pensions, and the company taking the union to court over various alleged incidents on the picket lines.



Read more: http://www.cbc.ca/canada/newfoundland-labrador/story/2010/10/04/vale-edc-financing.html?ref=rss#socialcomments#ixzz11TeO4Grr

Vale assina contrato de financiamento de longo prazo com EDC

Fonte: Vale

Rio de Janeiro, 4 de Outubro de 2010 - Vale S.A. (Vale) anuncia que assinou acordo com a Export Development Canada (EDC), agência oficial de crédito à exportação do Canadá, para o financiamento em infra-estrutura de projetos voltados a exportação e para futuras oportunidades de novos negócios da Vale no Canadá.

De acordo com o contrato, a EDC fornecerá uma linha de crédito de até US$ 1 bilhão. A quantia de US$ 500 milhões estará disponível para operações no Canadá da seguinte forma: (a) até US$ 250 milhões serão destinados ao desenvolvimento da refinaria de níquel de Long Harbor na província de Newfoundland and Labrador; e (b) US$ 250 milhões serão dedicados ao financiamento de projetos na província de Ontário.

Os US$ 500 milhões restantes estarão disponíveis para o financiamento de compras da Vale no Canadá para o suprimento de nossas operações fora do Canadá.

O financiamento de longo prazo não requer garantias reais. Os termos desta transação financeira foram realizados a partir de taxas de juros de mercado.

Este contrato faz parte de um amplo pacote de financiamento para o programa de investimentos da Vale envolvendo instituições oficiais de crédito de vários países. Dessa forma, constitui-se em importante instrumento de apoio às nossas iniciativas de crescimento em condições adequadas, de custo competitivo e longo prazo, para o financiamento dos nossos projetos, reforçando nossa capacidade de geração de valor ao acionista.


EDC to lend Vale up to $1-billion


TAVIA GRANT
Source: The Globe and Mail
Published Monday, Oct. 04, 2010



Export Development Canada is set to announce Monday one of the largest deals in the government agency's 65-year history: up to $1-billion (U.S.) in financing to Brazilian miner Vale (VALE-N31.42-0.28-0.88%).

The loan is for Vale's projects in Canada and to encourage the world's second-largest miner to use more Canadian suppliers in its operations outside the country.

Of the total, $500-million is available to Vale for its operations outside Canada. Up to $250-million will go toward the Long Harbour nickel processing plant in Newfoundland while the remaining $250-million will be available for several projects slated for development in Ontario, including the Sudbury area.

The announcement is likely to trigger debate, given the controversial history of Vale's presence in Canada. Rio de Janeiro-based Vale's 2006 purchase of the storied nickel miner Inco Ltd. came amid a flurry of takeovers of Canadian companies, sparking concern about the hollowing out of Corporate Canada. A bitter, year-long labour dispute at the miner's operations in Sudbury ensued in July, 2009, after workers rejected proposed changes to the pension plan and a reduction in the bonus tied to the price of nickel. The strike was finally settled this July, with concessions made on both sides.

The financing announced today will bolster Canada's mining industry, and give smaller companies more access to Vale as it expands globally, EDC said.

"This is done with a view to maintain and expand Canada's position with nickel mines in the international marketplace," Eric Siegel, the agency's chief executive officer, said in an interview.

The export agency has given loans to foreign companies before, to companies such as Amtrak and Brazil's Petrobras, while encouraging them to use Canadian suppliers. In its years of financing Chile's Codelco, the number of Canadian suppliers used by the miner has risen to 80 from five.

But funding a foreign company's operations within Canada is a new approach for EDC, Mr. Siegel said.

Asked whether Vale is obligated to use Canadian suppliers as a condition of the deal, he said it is not formally written into the loan agreement. Rather it is an "understanding" that the Brazilian company involve more Canadian companies, such as engineering firmsand equipment suppliers, in its procurement process.

"It's an understanding. At the end of the day [Canadian firms] have to be competitive from a technical and price perspective, but this is clearly giving them a leg up in terms of access and enhanced attention from Vale," he said.

(On Monday, EDC clarified its earlier comment, saying the obligation to consider Canadian procurement is in fact written into the loan agreement.)

Vale, which posted a second-quarter profit of $3.7-billion, is the world's largest iron ore miner and is expanding its global presence in markets such as Asia and the Middle East.

EDC plans initially to extend a portion of the $500-million for Vale's global operations, and then evaluate whether more Canadian companies are winning contracts from Vale. It would only grant the rest of the loan if Vale demonstrates it's giving more business to Canadian companies.

Vale's expansion plans, within Canada and around the world, will create "hundreds of millions" of dollars in potential supply and service opportunities for Canadian companies over the next few years, EDC believes.

Terms of the loan weren't disclosed. The unsecured loan was underwritten "at market rates," EDC says. The agency is "confident" about Vale's credit strength and says it has no concerns about repayment.

The Crown corporation has been profitable in 64 of the past 65 years, Mr. Siegel said. After lending to a foreign company, EDC typically sees the amount of Canadian procurement match or exceed its original loan within four or five years.

The country's export credit agency helps Canadian exporters and investors expand their international businesses through loans, advice and insurance. About 80 per cent of its customers are small and mid-sized firms. Much of its effort in recent years has been focused on trying to get Canadian companies to diversify into foreign markets, beyond the United States, particularly into emerging economies like Brazil.

The agency's mandate has been expanded since the credit crunch to support more businesses within Canada through additional lending, insurance and advisory services.

Friday, 1 October 2010

Révolte globale contre un géant minier


Vale, un groupe brésilien implanté sur cinq continents



Le Monde Diplomatique


Trois entreprises se partagent la production de minerai de fer à l’échelle planétaire. Un « cartel » dominé par la brésilienne Vale. Toutefois, depuis quelques années, cette dernière se heurte à une nouvelle résistance. Des salariés, des écologistes, des paysans dénoncent les dégâts sociaux et environnementaux de l’activité minière. Pis, à l’image de la multinationale, ces contestataires se sont « globalisés »…

Par Philippe Revelli

Sudbury, le 11 mars 2010. Dans cette petite ville située à quatre cents kilomètres au nord de Toronto (Ontario, Canada), en file indienne, les mineurs de la compagnie Vale-Inco attendent leur tour devant l’isoloir. Ils sont en grève depuis huit mois. La semaine précédente, les négociations entamées entre la direction de la compagnie et l’United Steelworkers (USW), le syndicat des métallurgistes, ont été rompues. A l’origine du conflit, une nouvelle mouture de la convention collective : gel des salaires, remise en cause des conditions de leur indexation sur l’inflation, modification du régime des retraites et réduction du bonus annuel lié à la rentabilité de l’entreprise (en moyenne, 25 % du salaire de base, jusque-là). En sortant du bureau de vote, un gréviste brûle le document listant les propositions de la direction. D’autres l’imitent, nombreux. Le résultat du scrutin est sans appel : à 88,7 %, les salariés décident de poursuivre le mouvement.

Les mineurs n’en sont pas à leur première grève dure. L’International Nickel Company of Canada (Inco) exploite le nickel de la région depuis plus d’un siècle et, au fil des conflits, l’USW s’est imposé comme l’interlocuteur incontournable de la direction. De sorte que, si un survol de la région révèle les stigmates de l’activité minière sur l’environnement, les luttes successives ont arraché d’importants droits sociaux qui bénéficient à l’ensemble de la communauté. Ou plutôt bénéficiaient.

En 2006, le rachat de la compagnie canadienne par la multinationale brésilienne Vale change la donne. Même si le siège de la nouvelle société — Vale-Inco — demeure au Canada, les conflits ne se règlent plus au rythme du quadrille… mais de la samba. Et les mineurs n’y gagnent pas forcément.

Arguant de la crise financière, les dirigeants de Vale-Inco ne tardent pas à revenir sur les promesses qui avaient apaisé les réserves d’Ottawa quant au rachat d’une entreprise canadienne par une concurrente étrangère. Le conflit ouvert par la remise en cause de la convention collective offre à la direction (...)


Retrouvez la version intégrale de cet article dans Le Monde diplomatique d’octobre 2010 actuellement en kiosques.