A mineradora Vale informou nesta quarta-feira que registrou um lucro líquido recorde de R$ 10,554 bilhões no terceiro trimestre de 2010, equivalente a R$ 1,97 por ação diluído, 59,1% acima dos R$ 6,6 bilhões no segundo trimestre.
O resultado é 253,4% superior ao registrado em igual período de 2009, quando ficou em R$ 2,987 bilhões. A cifra também supera as expectativas do mercado financeiro: analistas esperavam um lucro em torno dos R$ 10,35 bilhões.
"Este desempenho resultou da forte demanda por minerais e metais e dos nossos esforços para aumentar a produção, mantendo os custos
operacionais sob controle", informou a empresa em relatório ao mercado.
Segundo a empresa, o resultado líquido trimestral foi o mais elevado na história da Vale, 33,5% maior que o último recorde, no segundo trimestre de 2008, de R$ 7,906 bilhões. A mineradora registrou outros recordes no trimestres, como na receita operacional, margens e geração de caixa,
No acumulado de janeiro a setembro, a Vale obteve lucro líquido de R$ 20,068 bilhões, 208,4% acima dos R$ R$ 7,6 bilhões verificados em igual período em 2009, quando os efeitos da crise abaçaram a mineradora.
"EXCEPCIONAL"
A Vale classificou o resultado como "excepcional" em seu relatório de desempenho. A mineradora afirma que há motivos sólidos para se esperar maior ritmo do crescimento global na primeira metade do ano que vem.
A desvalorização do dólar frente ao real, segundo a companhia, produz efeitos positivos e negativos no desempenho.
"Por um lado, contribuem para elevar nossos custos operacionais e de investimento, majoritariamente denominadas em outras moedas. Por outro lado, o dólar norte-americano mais fraco e as baixas taxas de juros contribuem para a redução de nosso custo de capital", informa o relatório.
A companhia registrou ainda geração de caixa recorde, de R$ 15,8 bilhões no terceiro trimestre. O valor é 532,6% superior ao que fora obtido de julho a setembro do ano passado.
Excluídas aquisições, a Vale investiu US$ 3,081 bilhões no terceiro trimestre. Nos nove primeiros meses do ano, acumulam US$ 7,6 bilhões, 27,7% acima do que o constatado em igual período em 2009.
PRODUÇÃO
A Vale já havia reportado que sua produção de minério de ferro atingiu a marca de 82,614 milhões de toneladas no terceiro trimestre, o que representa um acréscimo de 23,7% na comparação com idêntico período no ano passado. Em relação ao segundo trimestre, o aumento foi de 8,9%. Trata-se do melhor desempenho da companhia desde o recorde registrado no terceiro trimestre de 2008.
Ainda conforme a empresa mineradora, a produção em Carajás foi histórica: 27 milhões de toneladas no terceiro trimestre, uma expansão de 17,7% sobre o mesmo período no ano passado.
No acumulado de nove meses, a produção total foi de 227,53 milhões de toneladas, em um incremento de 30,4% sobre o montante contabilizado no período de janeiro a setembro de 2009.
COMANDO
Ontem a mineradora informou que uma possível troca no comando da empresa "jamais foi tratada" pelos acionistas controladores.
"As especulações na imprensa, que atribuem a 'fontes do Conselho de Administração' informações neste sentido, não retratam a posição dos acionistas controladores da empresa", informou a mineradora em comunicado.
Fontes da empresa consultadas pela Reuters já haviam descartado a substituição do presidente da Vale, Roger Agnelli. As especulações sobre uma possível saída de Agnelli do comando da maior produtora mundial de minério de ferro ganharam força após o próprio executivo declarar na Zâmbia, onde foi inaugurar um projeto de cobre em meados de outubro, que membros do partido do governo estariam de olho em cargos na empresa.
Agnelli está no comando da Vale desde 2001 e enfrentou conflitos com o governo durante a crise econômica entre 2008 e 2009, por causa de demissões efetuadas pela companhia. O governo cobra da empresa investimentos em siderúrgicas para agregar valor ao minério de ferro.
A Vale é controlada pela Valepar, empresa composta pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que detém 49% do controle; Bradespar, com 21,21%; Mitsui, com 18,24%, e BNDESPar, com 11,51%. O fundo de pensão Eletron tem 0,03% das ações.
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