Por: Rodrigo Bertolotto
31-01-2009
Enviado especial do UOL Notícias
Em Belém (PA)
http://noticias.uol.com.br/politica/2009/01/31/ult5773u480.jhtm
Uma das patrocinadoras do Fórum, a Petrobras bancou R$ 200 mil da organização e montou estande na Universidade Federal do Pará, um dos palcos das discussões. Mas, não pôde evitar uma mesa-redonda que se intitulava "Petrobras Assassina: Novos Caminhos para o Conhecimento", proposto pelo movimento local "Coletivo Ecologia Urbana".
Em barracas no campus, sindicatos dos petroleiros protestavam pelo leilão de regiões para a exploração petrolífera e juntavam assinaturas contra uma medida similar na área do chamado pré-sal, faixa de mar no litoral do Sudeste e Sul.
Já a Vale do Rio Doce foi o tema de um painel. Marcelo Carneiro, coordenador da ONG Justiça nos Trilhos, que tenta aglutinar as ações de comunidades atingidas pelos empreendimentos da Vale, criticou a estratégia da empresa de demitir em época de crise. "Eles tiveram lucros fantásticos no Pará no ano passado e agora cortam vagas. Para esconder isso, fazem campanha de mídia na região para contar o festival de bondades que dizem fazer", aponta o pesquisador.
Carneiro afirma que o governo teve de auxiliar os desempregados da região (está no Pará a mais rica área mineral do mundo, Carajás, e a ferrovia que leva essa produção até São Luís). "O socorro do governo deve ir para os trabalhadores que perderam seu sustento, não para as empresas", disse.
Como a Vale comprou a mineradora canadense Inco no final de 2006, daquele país veio Catherine Coumans, coordenadora de pesquisas do Mining Watch Canadá, uma organização não-governamental que fiscaliza as atividades desse tipo de empresas. Ela ressalta que, com a aquisição de dois anos atrás, a Vale tem minas em locais como a Indonésia e Nova Caledônia. "Na Indonésia, atualmente a Vale decide se vai desalojar uma vila que já foi arrastada pela mina e pelo campo de golpe dos funcionários", afirma Coumans.
No painel, além do impacto social, outro assunto colocado foi o impacto ambiental. A ONG Justiça nos Trilhos aponta que a Vale é a campeã em multas pelo Ibama, com 56 autos de infração desde sua privatização no governo de Fernando Henrique Cardoso. "Essa empresa fala em responsabilidade ambiental, mas falha no critério justiça ambiental", afirmou Cândido Grzybowski, um dos fundadores do Fórum Social e diretor do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).
Outro lado
A Vale refuta as acusações e diz ter compromisso com o desenvolvimento sustentável, citando que uma das ações se dá por meio da Fundação Vale, que desenvolve programas em parceria com ONGs, setores do poder público e sociedade civil, visando o desenvolvimento econômico, ambiental e social das localidades onde atua.
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