Tuesday 17 March 2009

PARA QUEM SERVE A VALE?!


Nós temos, a todo instante, nos posicionado no sentido de fazer críticas ao modelo perverso com que a Vale desenvolve a apropriação e a exploração dos recursos minerais no Estado do Pará e principalmente nas regiões sul e sudeste, por entendermos que ela gera riqueza para poucos e miséria, insegurança e desesperança, para a grande maioria da população regional. É o que pretendemos mostrar neste artigo, para aqueles que ainda tenham dúvidas.

Com o excelente desempenho operacional nos trimestres anteriores, a Vale registrou oito recordes anuais de produção em 2008: níquel (275,400 mil toneladas métricas), bauxita (11,7 milhões de toneladas métricas), alumina (5,0 milhões de toneladas métricas), cobre (311,600 mil toneladas métricas), carvão (4,1 milhões de toneladas métricas), cobalto (2,828 mil toneladas métricas), paládio(231,000 mil onças troy) e ouro (85,000 mil onças troy) (Vale – Relatório de Produção 2008).

Vale ressaltar que Parauapebas participou com 32% da extração nacional de ferro, que 84% do manganês foi da mina do azul, em Carajás, 100% da bauxita foi de Oriximiná e Paragominas, 100% da alumina e 83% do alumínio foram de Barcarena, 40% do cobre foi do Sossego e 100% do caulim foi de São Domingos do Capim.

Parauapebas, em 2008, por conta da extração mineral, ocupou o 8º(oitavo) lugar dentre todos os municipios brasileiros, em contribuição para a balança comercial brasileira por município, com 3,8 bilhões de dólares, 37,13% da exportação do Estado do Pará (Secretaria de Comércio Exterior).

Parauapebas, Marabá e Canaã dos Carajás, em 2006, estiveram entre os 10 (dez) municípios mais ricos do Estado, ocupando o 3º, 4º e 9º lugar, com Produto Interno Bruto de R$ 2,9 bilhões, R$ 2,6 bilhões e R$ 700 milhões, respectivamente. Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá apresentaram 1º (R$ 50.488), 3º (R$31.320) e 5º (13.055) lugar, respectivamente, no que se refere os maiores em renda per capita do Estado (O Liberal, 17.12.2008).

Por outro lado, saindo do que seria riqueza para a pobreza, os municípios da Área de Influência Direta (AID) da Vale (Marabá, Eldorado, Curionópolis, Parauapebas, Canaã, Ourilândia e Tucumã), comparado com o Estado, apresentam os maiores índices de crescimento populacional, criminalidade, roubos, furtos, estupros e tráfico de entorpecentes (Diagonal Urbano, 2006).

O crescimento populacional nestes municípios do ano de 2000 para 2005 representou um percentual de 22,9%, com uma projeção para 2010 de 92,9%. Com um total de habitantes no ano de 2000 de 344.386, em 2005 de 423.361, e em 2010 de 817.268 habitantes (Diagonal Urbano, 2006).

Considerando taxa de ocorrência por 100.000 habitantes. Roubo: Marabá 639, no Estado é de 423 ocorrências. Furto: Marabá, 661, Parauapebas, 574 a 611, Canaã, 365 a 574, e no estado é de 423. Homicídios: Marabá (95), Parauapebas (de 70 a 95), Curionópolis (40 a 70), Canaã (29 a 43), Eldorado (12 a 29), no Estado do Pará é de 18,5. Estupros: Marabá (7 a 7) Parauapebas (6 a 7), Canaã (4 a 6), e no Pará é de 4,6. Tráfico de entorpecentes: Parauapebas (17 a 17), Canaã (12 a 17), Marabá (11 a 12), Curionópolis (9 a 11), no Estado é de 4,86 (Diagonal Urbano, 2006).

Portanto, deixando à parte aqueles(as) que ganham com roubos, furtos, homicídios, estupros, tráfico de drogas, prostituição, especulação imobiliária e outras atividades legais e ilegais, o que interessa para a maioria da população que não tem emprego, moradia, serviços de saúde, educação e segurança? Porque os governos são tão subservientes e aliados da Vale? Por ignorância, incapacidade, migalhas ou por serem mesmo desumanos?

Para os(as) lúcidos(as) não há outro caminho a trilhar senão o da luta sem trégua contra este saque feito pela Vale e esta desavergonhada subserviência dos poderes constituídos. Caso contrário não haverá futuro para a humanidade.

Até a vitória sempre!

Marabá, 15 de março de 2008.
Raimundo Gomes da Cruz Neto

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