Fonte: Agencia France Press
As atividades da usina de níquel da brasileira Vale-Inco na Nova Caledônia, em fase de testes, foram temporariamente suspensas após um vazamento de ácido que atingiu uma zona próxima a um recife de corais reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
A província sul ordenou nesta sexta-feira a suspensão, por um período que pode ir de seis a oito semanas, de 80% das instalações da usina hidrometalúrgica de níquel.
As autoridades também obrigaram o grupo siderúrgico a depositar a soma de 126.000 euros correspondente ao valor dos trabalhos que seriam realizados no local.
Em 1º de abril, um incidente técnico provocou o vazamento de ao menos 2.500 litros de ácido sulfúrico concentrado a 98% em um rio. A província sul deu em seguida quatro dias à empresa brasileira para realizar estes trabalhos, com garantias de segurança, mas este prazo não foi respeitado.
"Estamos avaliando o impacto destas suspensões no calendário inicialmente previsto", declarou Jean-François David, diretor-geral delegado da Vale-Inco Nova Caledônia, destacando que os trabalhos de construção continuam.
Este gigantesco complexo industrial, de uma capacidade de 60.000 toneladas anuais de níquel-metal, deve normalmente iniciar a produção em julho próximo, talvez na presença do presidente frances Nicolas Sarkozy, que tem visita programada à região nessa época.
A poluição atingiu um rio, que desemboca na baía de Prony, zona tampão do Grande Lago Sul, um dos seis locais do recife de corais, inscrito em julho passado no patrimônio mundial da Unesco. Milhares de peixes e crustáceos morreram.
A demora da Vale em comunicar as autoridades e o fato de ela ter continuado os testes com ácidos desatou uma grande polêmica na Nova Caledônia.
"O que aconteceu é escandaloso e a Vale-Inco reagiu mal", declarou à AFP, Yves Dassonville, alto comissário da República na Nova Caledônia, lembrando que o Estado é garantidor das convenções relativas à biodiversidade, assinadas na inscrição do lago no patrimônio da Unesco.
Em uma carta, ele pediu à Vale uma informação pertinente sobre as circunstâncias do incidente, uma descrição dos danos e dos impactos constatados ou potenciais na zona tampão e o bem inscrito no patrimônio mundial".
Quarta-feira, centenas de pessoas manifestaram junto a organização ecológica para pedir que a Vale deixe a ilha.
O presidente da província, Philippe Gomes, destacou os erros e os procedimentos incorretos internos da empresa brasileira.
"Assumimos todas as consequências", declarou Jean-François David, negando qualquer intenção de dissimular o ocorrido e "qualquer desordem de procedimento" na gestão desta crise.
Desde o início, a obra da usina química da Vale-Inco, que lançará dejetos no lago, vem gerando polêmicas entre as populações locais.
O clima havia se acalmado, no entanto, em setembro passado com a assinatura de um pacto para o desenvolvimento sustentável, de 85 milhões de euros em 30 anos.
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